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28 de out. de 2023

Aproveitando o poder do Blockchain do Bitcoin: além da moeda

Em meio à interseção em rápida mudança entre tecnologia e finanças, poucos avanços atraíram tanto interesse global quanto o blockchain do Bitcoin.

Inicialmente concebido como a estrutura fundamental de suporte à criptomoeda descentralizada inaugural, Bitcoin, o blockchain evoluiu desde então além de sua intenção original. O seu potencial transformador estende-se agora a diversos setores, significando uma mudança fundamental.


Esta peça explora as múltiplas utilidades do blockchain Bitcoin que transcendem sua função convencional como sistema monetário digital. Acentua a sua capacidade de revolucionar as práticas empresariais, melhorar as medidas de segurança de dados e catalisar transformações sociais.

O mundo comercial está a apenas um clique de distância, esperando que você explore o Nerdynator e transforme seus sonhos financeiros em metas alcançáveis.


A base do sucesso do Bitcoin: uma breve visão geral

Em sua essência, o blockchain do Bitcoin é um livro-razão digital distribuído e imutável. Esta estrutura inovadora garante transparência, segurança e descentralização – atributos que impulsionaram a popularidade do Bitcoin como moeda digital. No entanto, o potencial da tecnologia vai muito além do domínio da criptomoeda.


Revolucionando o gerenciamento da cadeia de suprimentos com Blockchain

Uma das aplicações mais promissoras da tecnologia blockchain do Bitcoin é no gerenciamento da cadeia de suprimentos.

A intrincada rede de processos envolvidos na entrega de produtos dos fabricantes aos consumidores enfrenta frequentemente desafios relacionados com a transparência e a rastreabilidade. A tecnologia Blockchain oferece uma solução ao permitir que cada etapa da cadeia de abastecimento seja registada de forma imutável e transparente.

As empresas podem usar o blockchain para rastrear a jornada dos produtos, desde as matérias-primas até os produtos acabados, reduzindo o risco de fraude e garantindo práticas éticas de fornecimento. Os consumidores, munidos de códigos QR ou outros identificadores, podem aceder a todo o histórico de um produto, incluindo a sua origem, produção e distribuição.

Esta nova transparência capacita os consumidores a fazerem escolhas informadas e incentiva as empresas a manterem práticas responsáveis.


Protegendo identidades digitais por meio de Blockchain

Numa era dominada por interações digitais, a necessidade de verificação robusta de identidade e segurança de dados é fundamental. Os sistemas centralizados tradicionais revelaram-se vulneráveis ​​a violações de dados e roubo de identidade. A blockchain do Bitcoin oferece uma solução potencial ao fornecer um sistema descentralizado e à prova de falsificação para gerenciamento de identidades digitais.

Através do blockchain, os indivíduos podem ter controle sobre suas informações pessoais, concedendo permissão para entidades específicas acessarem dados designados. Isto não só reduz o risco de acesso não autorizado, mas também simplifica processos como a autenticação online, reduzindo o atrito nas interações digitais.

Seja para transações financeiras, registros médicos ou até mesmo sistemas de votação, a natureza descentralizada do blockchain adiciona uma camada de segurança e confiança.


Capacitando a inclusão financeira

Embora a blockchain do Bitcoin tenha perturbado os sistemas financeiros tradicionais, também se mostrou promissora na abordagem de questões de inclusão financeira. Com uma parte significativa da população global sem acesso aos serviços bancários tradicionais, a tecnologia blockchain pode fornecer uma ponte para a inclusão financeira, permitindo transações peer-to-peer sem a necessidade de intermediários.

Através de plataformas baseadas em blockchain, os indivíduos em regiões desfavorecidas podem aceder a serviços financeiros, tais como empréstimos e remessas, com maior facilidade e a custos mais baixos. A natureza transparente e descentralizada do blockchain inspira confiança, atraindo usuários que podem ter hesitado em interagir com instituições bancárias tradicionais.

Esta democratização dos serviços financeiros tem o potencial de melhorar as comunidades e promover o crescimento económico.


Transformando Iniciativas de Impacto Social

Além de suas aplicações nos negócios e nas finanças, o blockchain do Bitcoin tem o potencial de impulsionar mudanças sociais positivas. Organizações de caridade e iniciativas de impacto social podem aproveitar a tecnologia blockchain para aumentar a transparência e a responsabilização.

Os doadores podem rastrear as suas contribuições, garantindo que os fundos são atribuídos conforme pretendido e apoiando eficazmente as causas que lhes interessam.

Além disso, a blockchain pode revolucionar a distribuição de ajuda em áreas atingidas por catástrofes. Ao registar e verificar as transações num livro imutável, as organizações de ajuda humanitária podem garantir que os recursos chegam aos necessitados de forma mais eficiente, minimizando o risco de má afetação ou corrupção.


Conclusão

O blockchain do Bitcoin é uma maravilha tecnológica que vai muito além de seu propósito original como criptomoeda. A sua natureza descentralizada, transparente e segura tem o potencial de remodelar indústrias, proteger identidades digitais, promover a inclusão financeira e impulsionar mudanças sociais positivas.

À medida que continuamos a explorar e a aproveitar o poder da tecnologia blockchain, torna-se evidente que o seu impacto no nosso mundo vai além da moeda. Ao abraçar estas possibilidades transformadoras, as empresas, os governos e os indivíduos podem colaborar para criar um futuro mais transparente, inclusivo e eficiente.

por Nansel Nanzip Bongdap

30 de set. de 2023

Benefícios do gerenciamento de ativos criptográficos

O gerenciamento de ativos criptográficos é o processo de gerenciamento e supervisão de seus investimentos em criptomoedas; isso pode ser feito por você mesmo ou com a ajuda de um gestor de fundos criptográficos. Devido à sua volatilidade, como a queda do preço do bitcoin, é melhor usar uma empresa de gestão de ativos criptográficos para ajudá-lo a manter seu portfólio criptográfico. Porém, é possível administrar e ter sucesso com seus próprios ativos se você tiver o conhecimento adequado.

Conforme explicamos abaixo, a implementação de uma estratégia abrangente de gerenciamento de ativos criptográficos traz vários benefícios.


Diversificação

O gerenciamento de ativos criptográficos permite a diversificação entre diferentes criptomoedas, reduzindo o risco associado ao investimento em um único ativo.

Se você investir todo o seu dinheiro em um único ativo criptográfico, estará exposto a todo o risco desse ativo. Se o preço do ativo cair, você poderá perder muito dinheiro.

No entanto, se você diversificar seu portfólio em vários ativos criptográficos, seu risco será distribuído. Se o preço de um ativo cair, as perdas podem ser compensadas pelos ganhos de outros ativos da sua carteira.

Diversificar seus ativos criptográficos usando stablecoins pode ser benéfico para proteção contra crises de mercado . Por exemplo, você pode manter uma parte do seu portfólio em stablecoins, que são moedas indexadas ao valor de uma moeda fiduciária, como o dólar americano. Isto pode ajudar a proteger a sua carteira contra perdas caso o mercado global sofra uma recessão.

Algumas dicas específicas para diversificar seu portfólio de criptografia Invista em uma variedade de ativos criptográficos em vez de um. Não coloque todos os ovos na mesma cesta. Em vez disso, invista em uma variedade de moedas diferentes, como Bitcoin, Ethereum, Litecoin, etc.

Invista em diferentes categorias – deixe seu portfólio de criptografia ser diversificado em diferentes nichos. Por exemplo, você pode investir em ativos criptográficos relacionados a finanças, jogos ou NFTs. Isto pode ajudar a reduzir o risco se um setor do mercado apresentar desempenho inferior.

Além disso, considere investir para obter ganhos de curto e longo prazo. Por exemplo, você poderia manter alguns ativos criptográficos no longo prazo, enquanto poderia negociar alguns de forma mais ativa. Isso pode ajudar a reduzir o risco e melhorar o retorno geral.

A diversificação ajuda na gestão de ativos criptográficos, reduzindo a perda que pode estar associada a qualquer potencial desaceleração em um determinado ativo.


Disponibilidade de ferramentas de gestão de risco

O gerenciamento eficaz de ativos criptográficos ajuda os investidores a mitigar o risco usando ordens de stop-loss; isso protege contra perdas significativas. Tudo o que você precisa fazer é definir um preço específico abaixo do qual a plataforma de negociação vende automaticamente os ativos criptográficos para você, mesmo que o limite tenha sido atingido enquanto você dormia.

Esta opção de interromper automaticamente qualquer perda que possa ocorrer mesmo quando você não está online é altamente benéfica para o gerenciamento de seus ativos criptográficos.


Acessibilidade 24 horas por dia, 7 dias por semana

Um dos benefícios mais significativos do gerenciamento de ativos criptográficos é a acessibilidade 24 horas por dia ao mercado. Ao contrário dos mercados financeiros tradicionais, que têm horários de negociação específicos e muitas vezes fecham aos fins de semana e feriados, o mercado de criptomoedas funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana. Isso significa que investidores e traders podem comprar, vender ou gerenciar seus ativos criptográficos a qualquer momento, proporcionando flexibilidade incomparável.

Ao contrário dos mercados de ações que têm horários de negociação específicos adaptados aos seus respetivos fusos horários, o mercado de criptomoedas opera continuamente, permitindo que participantes de todo o mundo negociem a qualquer momento.

Isto é particularmente vantajoso para investidores globais, pois elimina a necessidade de ajustar a programação para corresponder aos horários de mercado num fuso horário diferente. Esteja você em Nova York, Austrália ou Londres, você pode participar da negociação de criptografia conforme sua conveniência.


Alcance global

Os mercados criptográficos são globais e descentralizados, o que significa que não estão sujeitos às regulamentações e limitações impostas por qualquer país ou governo.

O alcance global dos mercados de criptomoedas é um aspecto transformador da gestão de ativos criptográficos. Ao contrário dos sistemas financeiros tradicionais, que são frequentemente restringidos por fronteiras nacionais e quadros regulamentares, as criptomoedas operam à escala global, transcendendo as limitações geográficas.

Esta natureza global inerente e inclusão capacitam pessoas que foram historicamente excluídas dos sistemas financeiros tradicionais, concedendo-lhes a capacidade de armazenar valor, investir e realizar transações de forma segura e conveniente.

Além disso, a acessibilidade global dos mercados de criptomoedas promove a inovação e a diversidade financeiras. Facilita o acesso a uma vasta gama de ativos digitais além dos limites das ofertas financeiras de qualquer nação.


Nenhuma autoridade central

Ao contrário dos sistemas financeiros tradicionais, as criptomoedas não são controladas por uma autoridade central como um banco central.

Esta falta de controlo central significa que existem menos restrições regulamentares, permitindo que os indivíduos tenham mais controlo sobre os seus próprios ativos e decisões de investimento.

O uso de tecnologias par a par em algumas plataformas de negociação, como a Binance, torna muito difícil a interferência do governo; isso reduz o risco de mudanças repentinas nas políticas que afetam seus investimentos.

Esta característica única oferece diversas vantagens para indivíduos envolvidos na gestão de ativos criptográficos. Isto significa que a falta de uma autoridade reguladora única se traduz numa maior autonomia financeira porque os participantes na gestão de criptoativos têm um maior grau de controlo sobre os seus ativos e decisões financeiras. Não dependem dos caprichos de uma autoridade central que pode congelar contas, impor controlos de capital ou alterar políticas monetárias.


Barreiras mais baixas à entrada

O gerenciamento de ativos criptográficos geralmente apresenta barreiras de entrada mais baixas em comparação com as finanças tradicionais. Muitas bolsas de criptomoedas permitem que os utilizadores comecem a negociar com quantidades relativamente pequenas de capital, tornando-o acessível a uma gama mais ampla de indivíduos, incluindo aqueles que podem não ter tido acesso aos mercados financeiros tradicionais.


Fornece liquidez global

A liquidez global é uma vantagem importante do gerenciamento de ativos criptográficos que surge da natureza descentralizada e 24 horas por dia, 7 dias por semana dos mercados de criptomoedas.

A liquidez refere-se à facilidade com que os ativos podem ser comprados ou vendidos sem afetar significativamente o seu preço.

Nos mercados financeiros tradicionais, a liquidez pode variar significativamente dependendo da hora do dia, com menor liquidez fora do horário de negociação.

Os mercados de criptomoedas, no entanto, mantêm sempre níveis de liquidez relativamente elevados devido ao seu funcionamento contínuo. Isto é particularmente vantajoso para traders e investidores, pois permite a execução de ordens com derrapagem mínima de preços, facilitando a entrada e saída de posições conforme desejado.

A disponibilidade de liquidez global na gestão de ativos criptográficos vai além da simples negociação. Também impulsionou o crescimento de vários produtos e serviços financeiros, como empréstimos, empréstimos e bolsas descentralizadas (DEXs).

Estes serviços dependem da liquidez para funcionarem de forma eficaz, e a natureza contínua dos mercados criptográficos garante que os utilizadores possam aceder a estes serviços a qualquer momento, proporcionando oportunidades de geração de rendimento e otimização de carteira.


Facilita transações transfronteiriças rápidas, seguras e baratas

As criptomoedas revolucionaram as transações transfronteiriças, simplificando e acelerando o processo. Ao contrário das transferências internacionais tradicionais de dinheiro, que muitas vezes envolvem vários intermediários, conversões de moeda e taxas significativas, as criptomoedas oferecem uma solução mais eficiente e económica.

Quando indivíduos ou empresas realizam transações transfronteiriças usando criptomoedas, eles podem fazê-lo com o mínimo de atrito e despesas gerais reduzidas.

Uma das principais vantagens do gerenciamento de ativos criptográficos em transações internacionais é a velocidade. As transações de criptomoeda podem ser liquidadas quase instantaneamente, especialmente para redes blockchain projetadas para confirmações rápidas. Isto contrasta fortemente com as transferências bancárias internacionais tradicionais, que podem levar dias para chegar ao seu destino devido aos bancos intermediários e aos diferentes fusos horários.

A capacidade de enviar fundos rapidamente torna as criptomoedas particularmente atraentes para empresas envolvidas no comércio internacional, freelancers que recebem pagamentos de clientes no exterior e indivíduos que precisam apoiar familiares em outros países.


Segurança e Transparência

A tecnologia Blockchain, que sustenta as criptomoedas, é conhecida por seus recursos de segurança e transparência. As transações são registradas em um livro público, dificultando que atividades fraudulentas passem despercebidas. Além disso, as carteiras criptografadas e as práticas de segurança fornecem aos usuários um alto nível de controle e segurança sobre seus ativos.


Propriedade e Controle

Com o gerenciamento de ativos criptográficos, os usuários têm propriedade e controle diretos sobre seus ativos. Não dependem de intermediários como bancos ou corretores, reduzindo o risco de congelamento de contas, apreensão de activos ou outras restrições às suas participações.

Propriedade e controle são princípios fundamentais que distinguem a gestão de ativos criptográficos dos sistemas financeiros tradicionais. Isso significa que quando você possui criptomoedas, você tem controle total sobre suas chaves privadas, que são as chaves criptográficas que concedem acesso aos seus ativos.

Ao contrário das instituições financeiras tradicionais, onde você depende de intermediários como bancos ou corretores para administrar seus ativos, na gestão de ativos criptográficos você é seu próprio custodiante.

Isso oferece várias vantagens significativas, como autonomia e segurança financeira incomparáveis. Seus ativos são armazenados em uma carteira que só você pode acessar, reduzindo o risco de acesso não autorizado ou roubo.

Este controlo é particularmente valioso em regiões com instabilidade política ou económica, onde a apreensão ou congelamento de contas bancárias é uma preocupação. Nesses cenários, os indivíduos podem proteger a sua riqueza mantendo criptomoedas numa carteira segura, garantindo que os seus ativos permanecem acessíveis e sob o seu controlo.

Outro benefício da gestão de criptoativos relacionado ao controle é a ausência de intermediários. Isto minimiza o risco de congelamentos arbitrários de contas ou apreensões de ativos. Nos sistemas financeiros tradicionais, as instituições financeiras podem congelar contas ou confiscar activos em determinadas circunstâncias, tais como disputas legais, investigações regulamentares ou ordens governamentais.

Isso pode levar a interrupções significativas e dificuldades financeiras para os indivíduos. Com as criptomoedas, a natureza descentralizada da tecnologia blockchain significa que não existe uma autoridade central com poder de congelar contas ou confiscar ativos.


15 razões pelas quais você DEVE INVESTIR em CRIPTO

O gerenciamento de ativos criptográficos oferece uma série de benefícios, incluindo acessibilidade 24 horas por dia, 7 dias por semana, alcance global, barreiras de entrada mais baixas e maior controle sobre seus ativos financeiros. Estas vantagens tornam-no numa opção apelativa para quem procura maior liberdade financeira e flexibilidade na gestão dos seus investimentos.


Por: Nansel Nanzip Bongdap

28 de abr. de 2022

Smart contracts: o que é, como funciona e aspectos legais

Se você trabalha no âmbito do Direito é muito provável que já tenha redigido, revisado ou analisado um contrato. Mas, e um smart contract?

Os contratos são um dos instrumentos jurídicos mais antigo do mundo, contudo, com o advento dos smart contracts – ou, contratos inteligentes -, muito do que sabemos como redigir e dar cumprimento a um contrato pode mudar.

Isso porque os smart contracts são escritos em linguagem de programação e possuem em seu corpo mecanismos que permitem a auto-execução de cláusulas. Mas, como isso funciona na prática?

Neste artigo, vamos entender o que são smart contracts e traremos exemplos de seu uso prático. Ao final, veremos também como fazer um smart contract válido.


O que são smart contracts (contratos inteligentes)?

Smart contract é um tipo de contrato digital, que usa tecnologia de ponta para garantir a auto execução das cláusulas, sempre que as condições contratuais previstas são atendidas.

Chamados também de contratos inteligentes, os smart contracts não são apenas redigidos em formato digital. Mais do que isso, eles usam uma linguagem de programação específica para criar um programa de execução das cláusulas – a linguagem mais comum chama-se Solidity.

Mas, você pode estar se perguntando, como o smart contract funciona na prática? Para responder essa questão, primeiro, pense em um contrato tradicional – hipoteticamente, um contrato de compra e venda.

Por meio do contrato tradicional, você estabelece que quando uma determinada coisa acontecer (a transferência da propriedade do bem, por exemplo), outra será dada em troca (a transferência do dinheiro, por exemplo).

No contrato inteligente (smart contract), a premissa é a mesma. Contudo, as cláusulas são executadas de forma automática.

Seguindo com o exemplo acima, significa dizer que, quando o programa do smart contract identifica que a transferência da propriedade do bem foi concluída (condição), ele automaticamente libera a transferência de dinheiro (ação).

Assim, o smart contract pode fornecer uma garantia de segurança adicional, não só pela auto execução, mas também porque, uma vez redigido, ele não poderá ser alterado ou fraudado.


Smart contracts são realmente “contratos inteligentes”?

Por se tratar de uma ferramenta relativamente nova no mundo jurídico, o smart contract ainda motiva uma série de dúvidas. Uma das mais comuns diz respeito à “inteligência” deste instrumento.

Afinal, os smart contracts seriam realmente “inteligentes”? A resposta que tem se consolidado para essa pergunta é positiva. Entretanto, para entender isso, é preciso primeiro compreender de que tipo de inteligência estamos falando.

No nível prático, podemos dizer que quando corretamente codificado, o programa que é base do smart contract tem a capacidade de tomar ações – isto é, executar as cláusulas do contrato. E isso é inteligência de programação.

Evidentemente, a execução dessas cláusulas pode não ser imediata. Em muitos casos, o smart contract é reativo. Ou seja, o ser humano precisa solicitar que determinada cláusula de ação seja executada.

Contudo, isso não reduz a “inteligência” do smart contract. Já que a execução automatizada respeita necessariamente as condições estabelecidas no contrato. Ou seja, o programa só executa a ação se as condições previstas estiverem completamente satisfeitas.

Assim, enquanto no modelo tradicional de contratos temos a necessidade de que seres humanos operacionalizem o que foi determinado cláusulas – o que gera a possibilidade de erros e fraudes – no contrato inteligente, isso é feito de forma automatizada.


Exemplos de utilização de smart contracts

Os smart contracts podem ser utilizados em quase todos os segmentos de atividades econômicas, para os mais diversos tipos de contratos.

Imagine, por exemplo, um contrato de exportação de grãos, no setor de agronegócio. Uma das cláusulas desse contrato diz respeito ao nível de umidade máxima dos grãos, que não pode ultrapassar o percentual de 20%.

Com um smart contract, o equipamento de aferição da umidade (conectado à internet) pode fornecer o dado ao blockchain do contrato. Digamos que a umidade aferida foi de 16%. O programa do smart contract vai, então, considerar a cláusula atendida, liberando o embarque.

Outro exemplo pode vir do setor de energia e combustível. Em 2018, um estudo entrevistou gestores de grandes companhias do mercado de gás natural no Brasil.

A pesquisa apontou que os smart contracts poderiam ser usados para automatizar a medição do gás nos pontos de entrega e recebimento, a emissão de documentos exigidos pelos órgãos de controle e até mesmo para regular a aplicação das taxas de câmbio acordadas em contrato.

Os contratos de compra e venda de gás natural costumam ser de longa duração, o que mostra o potencial dos smart contracts, mesmo para as relações contratuais mais duradouras.


O que é blockchain?

Mencionamos o termo “blockchain” acima e, talvez, você esteja se perguntando qual é exatamente o seu significado.

O blockchain é uma espécie de banco de dados descentralizado. Uma boa analogia é pensar num livro razão, que registra entradas, saídas e movimentações de patrimônio em uma empresa.

O blockchain é como esse livro razão ou livro caixa, porém não é um local único. Ele é formado por computadores do mundo inteiro, em rede. Cada máquina é um nó desse grande banco de dados.

Por isso, quando alguma informação é registrada no blockchain – como ocorre com os registros em um livro razão – aquela informação é verificada e armazenada por essas dezenas de milhares de nós.

E, uma vez registrada ali, a informação não poderá ser alterada ou modificada. Isso porque ela é guardada por meio de criptografia.

Embora o blockchain tenha surgido junto com as criptomoedas, para registrar as transações nesse universo, novos usos são acrescidos ano a ano. Os smart contracts, por exemplo, que são publicados no blockchain, representam um desses acréscimos.

Então, mesmo que você atue na área jurídica – e não no setor de tecnologia -, ainda assim, é fundamental entender o que é o blockchain. Cada vez mais, esse tipo de tecnologia fará parte da rotina jurídica.


A história dos smart contracts

Nick Szabo é considerado o grande pai do conceito de “contrato inteligente”. Ele é um jurista, e também criptógrafo, norte-americano.

Szabo falou pela primeira vez em smart contracts no decorrer da década de 1990. Na época, ele escrevia sobre o tema em seu blog pessoal.

Em 1996, ele publicou um dos primeiros artigos científicos sobre o assunto, sob o título “Smart Contracts: Building Blocks for Digital Markets”. Mas antes disso, em 1994, ele já tinha proposto uma definição para o contrato inteligente em seu site, nos seguintes termos:

“O smart contract é um protocolo de transação computadorizada que executa os termos de um contrato. O objetivo geral de um smart contract é satisfazer condições contratuais comuns (tais como pagamento, garantia, confidencialidade e até mesmo cumprimento), minimizando objeções tanto maliciosas quanto acidentais, e minimizar a necessidade de terceiros intermediários confiáveis” [tradução nossa]

Apesar de a definição de smart contracts datar da década de 1990, sua aplicação prática só se difundiu a partir da criação de plataformas blockchain. A primeira menção ao conceito de blockchain, no mundo acadêmico, se deu em 2008, no artigo “Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System”.

Como se vê, a criação de plataformas blockchain está intimamente ligada à ascensão da moeda virtual bitcoin. Por isso, a primeira rede blockchain de código aberto se deu apenas em 2009.

Contudo, para construir o código de um smart contract e publicá-lo na rede blockchain, mais avanços foram necessários. Fundamental para isso foi o surgimento da primeira plataforma de criação de smart contracts, a Ethereum, o que aconteceu apenas em 2014.

Atualmente, embora a Ethereum siga sendo um dos principais players do mercado, existem já outras marcas oferecendo serviços semelhantes.


Qual a validade jurídica dos smart contracts?

Questões sobre a natureza e validade jurídica dos smart contracts têm ganhado cada vez mais espaço entre pesquisadores e juristas. De fato, não há previsão específica em lei no Brasil, que regulamente esse tipo de celebração de acordo de vontades.

Contudo, como pontua a pesquisa conduzida pela Dra. Mariah Brochado Ferreira (UFMG), o Direito em âmbito internacional já publicou uma série de normas sobre o tema. É o caso, por exemplo:
  • da Lei Modelo da Uncitral sobre Comércio Eletrônico: onde se reconhece a validade e eficácia de contratos formados por mensagens eletrônicas (art. 11)
  • da Convenção das Nações Unidas sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias (CISG), ratificada no Brasil pelo Decreto 8.327/14: onde se reconhece o contrato de compra e venda não-escrito, provado por qualquer meio;
  • da Convenção das Nações Unidas Sobre o Uso de Comunicações Eletrônicas nos Contratos Internacionais: onde se reconhece que a comunicação eletrônica não torna inválida a execução de um contrato (art. 8)

No Brasil, o Art. 425 do Código Civil costuma ser lembrado quando se fala em smart contracts. Tem-se ali que:

Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.

Portanto, pode-se dizer que os contratos inteligentes são um gênero de contrato atípico e, por isso, não estão imunes às normas que balizam todo tipo de negócio jurídico. Ainda no Código Civil, encontramos quais seriam essas normas:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I – agente capaz;

II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III – forma prescrita ou não defesa em lei.

E, embora o smart contract, de modo geral, tenha condições de atender aos requisitos de validade, é fato que a ausência de lei específica ainda causa certa insegurança jurídica.

Neste sentido, desde o começo de 2022, tramita na Câmara um projeto de lei que visa modificar o Código Civil, de modo a trazer, de forma expressa, previsão legal para o uso do modelo de smart contract.


Como fazer um smart contract? Passo a passo

O contrato inteligente ou smart contract é redigido em uma linguagem de programação. Por isso, diferente do que fazemos quando explicamos como fazer uma procuração ou uma petição, aqui, não focaremos na linguagem em si – e sim, no processo de elaboração.

– Negociação

O primeiro passo de um smart contract, assim como ocorre em um contrato tradicional, é a negociação. As partes envolvidas devem discutir as condições e cláusulas, até que se chegue a um acordo de vontades.

No caso do smart contract, é importante definir exatamente quais condições precisarão ser cumpridas para que uma determinada ação ou transação aconteça.

– Redigir o contrato em linguagem jurídica

Se você é advogado, está acostumado a redigir contratos, não é mesmo? Embora os smart contracts só funcionem em linguagem de programação, redigi-los em linguagem jurídica pode ajudar a orientar o programador ou desenvolvedor que assumirá essa tarefa.

Além disso, a minuta em modelo tradicional pode ajudar você, profissional do direito, a verificar e garantir que as condições necessárias à validade de qualquer contrato – expressas, sobretudo no Código Civil – estão sendo cumpridas.

– Adaptar o contrato à linguagem de programação

Nesta etapa, os profissionais do Direito geralmente vão precisar da ajuda de programadores. São eles que vão criar os blocos de código que formam seu contrato, com base nas condições estabelecidas entre as partes.

O programador que assumir essa tarefa precisará contar com equipamentos com capacidade de processamento adequada, além de ter conhecimento em linguagens de programação e frameworks (como Solidity e Java).

Além de codificar os blocos do seu contrato, o profissional de TI pode lhe ajudar a fazer as configurações necessárias para que a plataforma utilizada para armazenar seu contrato tenha acesso aos bens ou serviços relacionados ao contrato.

Sem essa conexão, o contrato não será de fato autoexecutável, ficando o algoritmo incapaz de efetivamente bloquear, liberar ou fazer qualquer transação com os bens ou serviços que são objeto do contrato.

– Criar uma conta e carteira para interagir com as plataformas blockchain

Para registrar seu contrato numa rede blockchain, você precisará ter na sua carteira digital as criptomoedas aceitas pela plataforma blockchain que você escolheu. Fique atento, pois algumas plataformas, como a Etherium, por exemplo, tem uma criptomoeda própria.

Depois, você deve conectar sua carteira digital à rede descentralizada onde pretende publicar seu contrato. Mais uma vez, se você não tem experiência em transações com criptomoedas, é importante contar com a ajuda de um profissional especializado.

– Publicar o contrato em uma plataforma blockchain

A última etapa é a publicação do contrato em si, ou seja, o ingresso dos blocos criptografados na plataforma blockchain – e o consequente compartilhamento desses blocos com todos os nós da rede.

O blockchain e a criptografia são os mecanismos que impedem a alteração ou fraude do seu contrato. Com o smart contract corretamente publicado as cláusulas passam a valer – e podem ser executadas pelo algoritmo.

Lembre-se que, uma vez publicado, o seu contrato não poderá sofrer alterações.


Benefícios dos smart contracts para as empresas

Embora seja uma tecnologia recente, o uso dos smart contracts por grandes empresas – e também por pessoas físicas – já permite inferir alguns benefícios desse modelo.

Listamos, então, algumas das principais vantagens:

– Economia de recursos

Embora a elaboração e a publicação de um smart contract tenham custos, em grande escala, esse tipo de contrato pode representar uma economia para as empresas.

É que, com os smart contracts, você reduz os custos com papel, impressão, taxas de cartório, assinatura e armazenamento de documentos em meio físico, entre outros.

A gestão de documentos também é simplificada e você não precisará investir tanto em equipes para controlar e monitorar todo o volume de contratos.

– Agilidade

Por se tratar de um processo 100% digital, a elaboração e efetivação de um smart contract costuma ser mais rápida do que a confecção de contratos físicos tradicionais.

Além disso, como as cláusulas são autoexecutáveis, a necessidade de monitoramento ou ação humana para validar a efetivação do que foi acordado fica reduzida. Inclusive, em muitos contratos – sobretudo de transação financeira – o cumprimento do contrato é imediato.

– Segurança

A segurança das informações é, certamente, a vantagem mais lembrada quando mencionamos os smart contracts.

O principal motivo para isso é o armazenamento criptografado e em rede blockchain, que reduz significativamente a chance de fraude e modificações no contrato, uma vez que ele é publicado.

O acesso ao conteúdo do contrato por pessoas não autorizadas é outro risco quase que eliminado, por conta da criptografia. E, em tempos de LGPD, essa garantia se torna ainda mais importante.


Desafios para a implementação dos smart contracts

O primeiro desafio dos departamentos jurídicos que pretendem trabalhar com smart contracts certamente é a segurança jurídica. Como vimos, não há legislação específica sobre o tema no país, o que dá margem para uma série de interpretações legais.

Por isso, o jurídico deve estudar amplamente todas as legislações internacionais e a jurisprudência sobre o tema, a fim de estar preparado, caso haja a contestação da validade jurídica desses documentos digitais.

O segundo aspecto que merece atenção dos gestores é a integração entre os setores jurídico e de tecnologia da empresa. Sem a colaboração dessas duas áreas, é impossível operacionalizar o uso de smart contracts.

Enfim, fica evidente que esses desafios – e outros mais que possam surgir – exigem grande capacidade de adaptação por parte do jurídico corporativo.

Por Tiago Fachini