20 de set. de 2020

Investimentos: tudo o que você precisa saber para dar os primeiros passos


O interesse dos brasileiros por investimentos vem aumentando nos últimos anos. Só em 2020, o número de pessoas físicas na Bolsa de Valores teve alta recorde e chegou a 2,24 milhões, mesmo em um período de crise econômica.

No entanto, grande parte dos brasileiros ainda não deu os primeiros passos para começar a investir. Muitos ainda pensam que investimentos são apenas para quem tem muito dinheiro, ou que o único caminho para investir com baixo risco é a poupança, mesmo o rendimento da caderneta estando abaixo da inflação.

Para mostrar que esses mitos estão longe de ser verdade, criamos este guia com tudo o que você precisa saber para começar a investir, do conceito básico aos principais tipos de aplicações.


O que são investimentos?

Investimento é a compra de um produto financeiro com o objetivo de obter lucro no futuro. Esse retorno é possível por conta dos juros pagos pelas instituições emissoras dos títulos de crédito ou pela valorização dos papéis.

Esses produtos podem ser, por exemplo, títulos de renda fixa emitidos por bancos, empresas e pelo próprio governo como forma de capitalização. Ou seja, o dinheiro pago pelos investidores financia atividades dos emissores, como obras ou projetos. Em troca desse “empréstimo”, as instituições pagam juros para os investidores.

É possível investir também em títulos de propriedade das empresas de capital aberto, as chamadas ações. Nesse caso, o lucro pode vir dos dividendos da organização ou da venda dos papéis após um período de valorização, por exemplo. Mas vamos começar pelo mais simples, que são os títulos de renda fixa.

Antes de investir, algumas informações já ficam acordadas entre o emissor e o investidor, como: prazo de resgate, liquidez, alíquota do IR a ser paga e taxa de administração. Fica acordado também qual será a taxa referencial para o papel ou o percentual de juros a serem pagos lá na frente. Uma taxa referencial muito comum é o CDI, Certificado de Depósito Interbancário que está sempre próxima à taxa básica de juros da economia, a Selic.

Já nas aplicações de renda variável, como as ações da bolsa, fica difícil prever qual será a valorização dos papéis com os anos. Ainda assim, existem as chamadas análises fundamentalistas e teóricas que fazem uma boa previsão do que está por vir em termos de rendimento.


Por que investir?

De bate pronto, a resposta para esta pergunta parece simples: ganhar mais dinheiro. Mas ganhar mais dinheiro para quê?

Investir requer estudo e disciplina, por isso é preciso ter objetivos claros ao assumir esse compromisso. Sem essa motivação, há grandes chances de você acabar desistindo e usando o dinheiro para outras finalidades.

Existem diversos motivos para começar a investir, e eles variam de pessoa para pessoa. Pode ser comprar uma casa, um carro, fazer a viagem dos sonhos, um curso muito importante ou até mesmo abrir a própria empresa. Seja qual for a sua meta, ela será fundamental para definir os investimentos que você vai escolher.

Mesmo que você não tenha um objetivo específico, lembre-se de que investir é a melhor forma de planejar o seu futuro. Afinal, quando chegar a hora de se aposentar, dificilmente o dinheiro da Previdência Social será suficiente para manter o seu padrão de vida. Nesse momento, ter uma reserva que gere bons rendimentos fará toda a diferença.


Quando começar a investir?

O ideal é começar a investir o mais cedo possível, pois quanto mais tempo o seu dinheiro ficar aplicado, mais ele renderá. Porém, antes de dar o pontapé inicial, é essencial cumprir dois pré-requisitos.

O primeiro deles é quitar as suas dívidas. A possibilidade de fazer o dinheiro se multiplicar é animadora, mas antes é preciso organizar o seu orçamento, sem pular etapas.

Os juros da dívida geralmente são mais altos que os do investimento, principalmente quando se trata de cartão de crédito e cheque especial. Por isso, livre-se delas assim que possível, mesmo que vá demorar um pouco.

Com as dívidas pagas, vem o segundo pré-requisito: montar uma reserva de emergência. Como o próprio nome diz, essa reserva consiste em uma quantia que você deve ter guardada para imprevistos, como comprar remédios, consertar o carro, para o caso de desemprego ou impossibilidade de trabalhar.

Especialistas indicam que a reserva de emergência cubra 6 a 12 meses das despesas básicas da pessoa.

Portanto, a quantia ideal varia de acordo com o padrão de vida de cada um: para alguém que gasta R$ 4 mil por mês, o valor deve ser de, no mínimo, R$ 24 mil; para quem tem custos de R$ 10 mil por mês, a reserva precisa ter pelo menos R$ 60 mil.

A reserva de emergência deve ser colocada em aplicações de baixo risco que possam ser resgatadas a qualquer momento, como o Tesouro Direto Selic e alguns tipos de CDBs (falaremos mais sobre eles a seguir).

Porém, lembre-se: o foco dessa reserva não é obter altos retornos, e sim garantir a sua segurança financeira. Depois de quitar as dívidas e montar a sua reserva, aí sim será o momento de começar a investir para construir patrimônio.


O que é perfil de investidor?

Para começar a investir, o primeiro passo é saber seu perfil de investidor, também conhecido como suitability. Ele é definido a partir de uma análise comportamental que identifica as suas expectativas em relação aos investimentos, levando em conta fatores como:
  • quanto tempo você pretende deixar o dinheiro investido;
  • qual é a sua tolerância a riscos;
  • quais são seus objetivos financeiros.
Essa avaliação é muito importante para descobrir quais são os investimentos ideais para os seus objetivos, os seus limites de risco e o seu nível de conhecimento sobre finanças, aumentando as suas chances de atingir os resultados que espera.

São três os perfis em que um investidor pode se encaixar:

  • Conservador
Investidores conservadores priorizam aplicações seguras, com baixa chance de perda, ainda que isso implique rendimentos mais baixos. Alguns perfis de investidores conservadores são:
  • Quem tem pouco recurso para investir e não quer correr riscos de perdê-lo;
  • Pessoas que estão começando a investir e ainda têm medo de arriscar;
  • Quem já tem um patrimônio sólido e não tem mais ambição de grandes ganhos;
  • Pessoas que estão próximas de se aposentar e não querem fazer manobras arriscadas com o dinheiro.
Lembrando que os investimentos conservadores e com alta liquidez também são os mais indicados para quem está montando a reserva de emergência.

  • Moderado
O investidor moderado é um pouco mais ousado que o conservador: ele preza pela segurança, mas está disposto a arriscar um pouco mais para obter melhores retornos. Por isso, tem uma carteira de investimentos que equilibra aplicações de alto e baixo risco financeiro.

Normalmente, se encaixam neste perfil pessoas que começaram de forma mais conservadora, ganharam experiência e agora estão mais à vontade para experimentar novas possibilidades ou então investidores que querem diversificar a carteira, mas sem abrir mão de alguma segurança.

  • Arrojado
Investidores com perfil arrojado preferem aplicações que possam gerar mais rentabilidade, mesmo que isso signifique um risco maior. Um investidor arrojado normalmente tem bom conhecimento sobre o mercado financeiro e sabe que eventuais perdas podem ser compensadas a longo prazo, por isso não tem medo de investir em ações e outros produtos de renda variável.

Apesar disso, arrojados sempre colocam parte do seu dinheiro em aplicações mais conservadoras. Elas são essenciais para diversificar a carteira e proteger o patrimônio, minimizando o impacto caso haja alguma perda muito grande com os investimentos mais arriscados.


Poupança é investimento?

Antes de falar sobre os tipos de investimentos, vamos conversar um pouco sobre a caderneta de poupança. Afinal, ela pode ser considerada um investimento?

A resposta é sim. Porém, nenhum bom investidor coloca seu dinheiro nela, e a gente explica o porquê.

O rendimento da caderneta funciona da seguinte forma: se a Selic estiver menor ou igual a 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da Selic mais a TR (Taxa Referencial). Se a Selic estiver acima de 8,5% ao ano, ela tem rentabilidade fixa: 0,5% mais a TR.

Hoje (09/2020) a taxa referencial está em 0 e a Selic em 2% ao ano. Isso significa que a poupança está rendendo cerca de 1,4% ao ano, menos que a inflação esperada para o período, que é de 1,63%.

Em outras palavras, por mais que o montante final do investidor aumente com os juros, seu poder de compra acaba sendo menor do que antes.

Outra desvantagem dessa aplicação é a forma de rendimento. Apesar de ter alta liquidez, a poupança não rende por dia, e sim por mês. Na prática, se você aplicar o dinheiro no dia 1º, os juros só serão adicionados 30 dias depois. Se você resgatar o valor antes disso, não conseguirá qualquer rentabilidade.

Apesar de tudo isso, oito em cada dez brasileiros ainda colocam dinheiro na poupança, segundo um estudo da Anbima. Isso é reflexo do baixo nível de educação financeira da maior parte da população. Muita gente não conhece outros tipos de aplicações de baixo risco e tem medo de perder dinheiro, preferindo o conforto e a comodidade da caderneta.


Quais são os tipos de investimentos?

Depois de descobrir o seu perfil de investidor, é hora de ficar de olho nos tipos de investimento. Mas antes, para ajudar você a entender como eles funcionam, confira um mini glossário com os conceitos básicos desse universo.

Juros compostos: aplicação de juros sobre juros. Significa que os rendimentos são calculados sobre os ganhos de todos os períodos anteriores e não apenas sobre o montante inicial aplicado.

Taxa de juros: a porcentagem de juros que um investimento rende;

Risco: chance de um investimento gerar prejuízo.

Liquidez: facilidade de resgatar o investimento. Enquanto alguns só podem ser resgatados no vencimento (baixa liquidez), outros podem ser retirados a qualquer momento (alta liquidez).

Rentabilidade: capacidade de retorno de um ativo, ou seja, quanto você vai ganhar com o dinheiro aplicado em um produto financeiro.

Prazo: data de vencimento de um ativo, data em que o investimento chega ao fim e o dinheiro volta ao investidor com todos os rendimentos.

Aporte: ato de investir uma quantia de dinheiro em um produto financeiro. Se for uma aplicação feita todo mês no mesmo investimento, é chamado aporte mensal.

Taxas: valores cobrados pelas instituições financeiras para a administração, gestão ou manutenção do investimento. Alguns ativos são isentos de taxas, outros não.

Volatilidade: quanto o comportamento de uma aplicação pode mudar. Baixa volatilidade quer dizer que um ativo é mais estável; alta volatilidade significa maior frequência e intensidade das variações de preço.

Agora que você já conhece os termos mais usados pelos investidores, vamos aos tipos de investimento. Para quem está começando a investir, é importante conhecer os principais grupos de investimentos: renda fixa, ações e fundos de investimentos.


Renda fixa

Na renda fixa, a rentabilidade é definida no momento aplicação. Em geral, esse tipo de investimento pode remunerar de duas formas: seguindo uma taxa de juros prefixada ou acompanhando indicadores econômicos, como a Taxa Selic e o IPCA (Índice de Preços para o Consumidor Amplo).

A maior vantagem desses ativos é o baixo risco. Outro benefício é que as corretoras de investimentos ou bancos não costumam cobrar taxas nessas aplicações. Por outro lado, a rentabilidade costuma ser menor que as de investimentos mais arrojados.

Para começar a investir em qualquer uma delas, basta criar uma conta em uma corretora de investimentos. No caso de letras de crédito e CDBs é possível investir pelos próprios bancos, mas é aconselhável fugir das grandes instituições, pois os rendimentos costumam ser baixos.


Tesouro Direto

O Tesouro Direto é um programa do Governo Federal que vende títulos da dívida pública para arrecadar recursos para financiar suas operações. Ao comprar esses títulos, você empresta dinheiro para o governo e recebe de volta com juros no momento do resgate. Por ser garantido pelo Tesouro Nacional, é o tipo de investimento mais seguro do mercado.

A forma de remuneração depende do tipo de título que você compra. São três modalidades:

1. Tesouro Selic

Título pós-fixado que rende conforme a Taxa Selic, os juros básicos da economia definidos pelo Banco Central. Possui liquidez diária, ou seja, pode ser resgatado a qualquer momento sem prejuízo, mesmo antes do vencimento. Ideal para reserva de emergência ou objetivos de curto prazo.

2. Tesouro Prefixado

Título cuja rentabilidade é definida no momento da compra e continua sempre a mesma, sem seguir nenhum indicador econômico. Ao aplicar nesse ativo, o investidor sabe exatamente quanto vai receber no vencimento, já que o rendimento não varia em hipótese nenhuma.

É indicado para quem não vai precisar mexer no dinheiro até o vencimento, já que o resgate antecipado pode acarretar prejuízos.

Existem dois tipos de Tesouro Prefixado: 
  • LTN (Letra do Tesouro Nacional): tem juros pagos apenas no momento do resgate ou no vencimento.
  • NTN-F (Nota do Tesouro Nacional tipo F): tem juros semestrais, pagos ao investidor a cada seis meses.

Apesar de parecer mais interessante à primeira vista, o NTN-F só é indicado para quem não exerce mais atividade remunerada e precisa de uma renda constante para cobrir suas despesas.

Caso contrário, não costuma valer a pena por causa do Imposto de Renda regressivo. A taxa de IR para resgates feitos no Tesouro Direto em 6 meses é de 22,5%, sendo reduzida gradualmente até chegar a 15% para prazos superiores a 2 anos. 


3. Tesouro IPCA

Os rendimentos do Tesouro IPCA combinam uma taxa prefixada ao IPCA, indicador econômico que define a inflação no país. Por isso, trata-se de uma aplicação que preserva o valor do dinheiro e, ao mesmo tempo, garante sua rentabilidade.

Como costuma ter prazos de vencimento longos, é ideal como alternativa para quem poupa para a aposentadoria.

Assim como o Tesouro Prefixado, o Tesouro IPCA conta com duas variações:
  • NTN-B Princ (Nota do Tesouro Nacional tipo B Principal): tem juros pagos apenas no momento do resgate ou no vencimento.
  • NTN-B (Nota do Tesouro Nacional tipo B): tem juros semestrais, pagos ao investidor a cada seis meses.


CDB

CDBs (Certificados de Depósito Bancário) são títulos que os bancos emitem para captar recursos para financiar suas operações. Ao comprar esses ativos, o investidor empresta dinheiro ao banco emissor, que devolve o montante com juros no momento do resgate ou na data de vencimento.

Um dos maiores benefícios dos CDBs é contar com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), entidade que protege o dinheiro de quem investe em ativos bancários em até R$ 250 mil por CPF e instituição financeira.

Isso significa que, se o banco emissor quebrar, você receberá de volta o valor aplicado (sem os juros), com um limite de R$ 250 mil.

Esse tipo de investimento também é tributado de acordo com a tabela regressiva do Imposto de Renda. Em caso de resgate em menos de 30 dias, há também a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

A liquidez varia: enquanto alguns deles podem ser resgatados a qualquer momento, outros só podem ser retirados na data de vencimento. Assim como o Tesouro Direto, o CDB pode ser de três tipos, que funcionam de forma bem parecida:
  • Prefixado: com taxa de juros definida no momento da aplicação, sem acompanhar indicadores financeiros.
  • Pós-fixado: com rentabilidade atrelada a um índice econômico — geralmente o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que segue de perto Taxa Selic.
  • Híbrido: conta com uma parcela da rentabilidade prefixada e outra atrelada ao IPCA, indicador da inflação no país.

LCI e LCA

A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) é um investimento de renda fixa isento de Imposto de Renda no qual o investidor empresta dinheiro para que os bancos ofereçam crédito imobiliário aos seus clientes.

A LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) funciona da mesma maneira, com a diferença que o crédito é concedido para empresas do agronegócio.

Por serem ativos bancários, ambos contam com a proteção do FGC. Seus tipos seguem o mesmo modelo de remuneração das outras aplicações, podendo ser prefixados, pós-fixados ou híbridos.

Na maioria dos casos, as LCI's e as LCA's têm baixa liquidez, podendo ser resgatadas apenas na data de vencimento.


CRI e CRA

Outra forma de investir em ativos de renda fixa do setor imobiliário e do agronegócio são os Certificados de Recebíveis.

O CRI, Certificado de Recebíveis Imobiliários, é um título com lastro em fluxos de pagamentos de aluguéis ou de aquisição de imóveis. Já no CRA, Certificado de Recebíveis do Agronegócio, o dinheiro aplicado é destinado a esse setor.

Na essência, eles são bem parecidos com a LCI e a LCA, inclusive no fato de também serem isentos de Imposto de Renda.

A principal diferença é que ao comprar um Certificado de Recebível você não empresta dinheiro a um banco, e sim para uma empresa securitizadora, que reúne o valor que você investiu ao de outros investidores para financiar as operações.

Por não serem ativos bancários, esses títulos não são cobertos pelo FGC. Ou seja, possuem um risco maior, indicado para investidores com perfil moderado. Em contrapartida, os prazos são menores, a liquidez é melhor e a rentabilidade costuma ser maior.

Outro ponto importante é que maioria das LCIs e LCAs são atreladas à Taxa Selic, enquanto os CRIs e CRAs costumam ser prefixados ou acompanhar a inflação, sendo mais vantajosos em momentos de queda da taxa de juros.


Debêntures

Debêntures são títulos de renda fixa emitidos por empresas privadas para conseguir recursos para financiar seus projetos. A lógica é a mesma dos outros ativos que conhecemos até aqui: você empresta o dinheiro para a empresa e recebe de volta com juros pelo tempo que ele ficou investido.

A debênture não é um ativo bancário, por isso não é coberta pelo FGC. As debêntures incentivadas, que financiam obras de infraestrutura, não têm incidência de Imposto de Renda.

Normalmente, o valor aplicado só pode ser resgatado no vencimento, que costuma ser de médio a longo prazo (por volta de 6 anos). As debêntures também podem ser prefixadas, pós-fixadas ou híbridas.

Existem quatro tipos de debêntures:
  • simples: modalidade mais comum, que entrega uma rentabilidade com juros no vencimento;
  • conversíveis: podem ser transformados em ações da empresa emissora no vencimento ou em outro período pré-determinado;
  • permutáveis: permitem que o investidor troque os títulos por ações de outra empresa;
  • incentivadas: emitidas por empresas que realizam projetos de infraestruturas públicas, como estradas, aeroportos e ferrovias, e por isso contam com isenção de IR.

Ações

Ações são ativos de renda variável que representam uma pequena parte do valor de mercado de uma empresa.

Quando um investidor compra uma ação, ele passa a ser sócio da companhia que emitiu o título, ganhando direito a receber parte dos seus lucros. A empresa, por sua vez, se beneficia obtendo recursos para realizar seus projetos.

Ao contrário da renda fixa, na renda variável o investidor não sabe quanto vai ganhar com a aplicação: a rentabilidade varia de acordo com as oscilações do mercado que são influenciadas por fatores diversos, como a economia do país, a economia internacional ou as projeções para a própria empresa. Se o desempenho da companhia for bom, os acionistas lucram; se ela tiver prejuízos, os acionistas também têm.

Devido à alta volatilidade, estas aplicações apresentam mais risco, mas também oferecem a possibilidade de obter rendimentos bem maiores que os da renda fixa. Lembrando que aqui não existe garantia do FGC.


IPO e a Bolsa de Valores

Quando uma empresa deseja colocar suas ações à venda pela primeira vez, ela realiza a sua abertura de capital por meio de um movimento chamado IPO (Initial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial). A partir daí, ela passa a ser listada na Bolsa de Valores e pode ter seus ativos negociados no mercado financeiro. A bolsa de valores brasileira é chamada B3.

Para investir em ações é preciso abrir conta em uma corretora. Por lá, você pode ter acesso ao Home Broker, plataforma de negociação de ações, investir em uma carteira sugerida pela própria corretora ou buscar fundos de ações com cotas disponíveis para venda.

Uma das principais formas de acompanhar o mercado e entender onde estão as melhores oportunidades é observar o Ibovespa, o índice da B3. Ele funciona como um termômetro dos ativos negociados na Bolsa, permitindo que os investidores entendam o comportamento do mercado e tomem as melhores decisões ao montar sua carteira de ações.


Como ganhar dinheiro com ações

Para ter sucesso com ações, é preciso saber como lucrar com elas Confira as principais formas de ganhar dinheiro com esse tipo de investimento:
  • Valorização e queda: observar as oscilações do mercado para comprar e vender ações na hora certa é a forma mais conhecida de ganhar dinheiro na Bolsa. Alguns investidores, inclusive, se especializam em day trade, a prática de comprar e vender um ativo no mesmo dia. Para isso funcionar, eles precisam ficar atentos às variações a todo momento.
  • Dividendos: consistem na distribuição de lucros feita periodicamente aos acionistas. Muitos investidores, ao contrário dos day traders, priorizam ações de empresas que pagam bons dividendos, não se concentrando tanto em ganhar com as altas e quedas dos valores dos títulos.
  • JCP (Juros sobre Capital Próprio): assim como os dividendos, são um tipo de provento distribuído pelas empresas, com a diferença de ser independente do lucro gerado pela companhia. Além disso, por ser registrado como despesa, a organização ganha isenção fiscal, podendo aumentar a quantia repassada ao acionista.

Tipos de ações

Uma das formas de classificar as ações é levando em conta o que elas oferecem ao investidor:
  • Ações ordinárias (ON): dão poder de voto ao investidor, permitindo que ele tenha voz nas decisões da empresa, além de pagar dividendos.
  • Ações preferenciais (PN): o investidor recebe uma fatia maior dos lucros da empresa e ganha o direito de receber proventos antes dos outros acionistas. Porém, não há poder de voto nas assembleias.
  • Units: pacotes de ações compostos por ativos de diferentes tipos, como duas ordinárias e duas preferências. Costumam ter boas chances de valorização e garantem o recebimento de proventos.

Outro tipo de classificação considera o tamanho da empresa emissora e o volume financeiro que ela movimenta na Bolsa de Valores:
  • Blue chips: títulos emitidos por grandes empresas, que movimentam altos valores na B3, como Petrobrás, Banco do Brasil, Ambev e Vale. Costumam ser mais seguros e ter maior liquidez, por causa da facilidade de comprar e vender.
  • Mid Caps: ações de empresas de médio porte, que movimentam valores expressivos, mas inferiores aos das blues chips. Em muitos casos, têm um potencial de valorização maior que ações de grandes companhias.
  • Small Caps: ativos de empresas de menor capitalização. São conhecidas como ações baratas e de alto risco, que podem trazem tanto grandes lucros como grandes prejuízos. Por serem emitidas por companhias menos conhecidas, possuem menor liquidez, já que a quantidade de interessados na compra é menor.


Custos para investir em ações

Ao aplicar em ações, é preciso ficar atento aos custos desse tipo de investimento. Além dos impostos pagos ao governo, existem três tipos de taxas:
  • Taxa de custódia: é cobrada mensalmente pelas corretoras e serve para cobrir os gastos da empresa junto à B3. Algumas corretoras não aplicam essa taxa.
  • Taxa de corretagem: cobrada pelas corretoras por cada transação de compra e venda de ações na Bolsa. Pode ser fixa ou uma porcentagem sobre o valor da transação. Algumas corretoras não aplicam essa taxa.
  • Emolumentos: taxas fixas cobradas pela B3 por transação. Os valores variam de acordo com o tipo de operação, o tipo de investidor e o valor investido.


Fundos de investimentos

Fundo de investimento é um tipo coletivo de aplicação, que reúne o dinheiro de vários investidores com perfis parecidos.

A soma dos aportes de cada investidor forma o patrimônio do fundo, que é administrado por um gestor de investimentos. O papel desse profissional é alocar o capital dos participantes de modo a obter a melhor rentabilidade possível para todos.

Nas corretoras, os fundos são divididos e comercializados em cotas. Assim, se um investidor deseja aplicar R$ 80 mil e um fundo com cotas que custam R$ 10, terá que comprar 8 mil cotas.


Taxas dos fundos de investimentos

Contar com um gestor especializado para decidir onde o seu dinheiro será investido tem um custo, quem vem em forma de taxas nos fundos de investimentos. As principais são:
  • Taxa de administração: é o pagamento pelo trabalho do gestor de fundos. É uma porcentagem anual aplicada sobre o total investido (capital + rendimentos).
  • Taxa de performance: taxa prevista em fundos de investimentos que acompanham índices econômicos, como o CDI, a Taxa Selic ou o IPCA. Caso o gestor obtenha rendimentos que superem esses índices, ganha um valor adicional pelo bom desempenho.
  • Taxa de saída: essa taxa é normalmente cobrada por fundos mais antigos e pode ser considerada abusiva. Ela incide sobre a saída do cotista do fundo, seja ela por conta de resgate seja por portabilidade.
  • Taxa de carregamento: também cobrada por fundos mais antigos e considerada abusiva. É cobrada sempre é feito um novo aporte.


Tipos de fundos de investimentos

Existem diversos tipos de fundos de investimentos, destinados a diferentes perfis de investidores. Conheça os principais a seguir.
  • Fundos de renda fixa: são fundos em que pelo menos 80% do patrimônio do grupo deve ser aplicado em ativos de renda fixa, como o Tesouro Direto e ativos bancários. Entre os mais populares está o Fundo DI, que acompanha a variação da Taxa DI do mercado interbancário.
  • Fundos de ações: buscam alocar pelo menos 67% dos seus recursos em ações. São ideais para quem quer começar a investir na Bolsa de Valores, pois é uma forma de experimentar a renda variável com a ajuda de um profissional especializado.
  • Fundos de Investimentos Imobiliários (FII): são fundos de renda variável que aplicam em imóveis, títulos do mercado imobiliário e categorias específicas de empreendimentos (escritórios, shoppings, hospitais, escolas, etc). Se tornaram muito populares por distribuírem rendimentos de aluguéis, gerando uma renda mensal ou semestral ao investidor.
  • Fundos multimercado: contam com múltiplos ativos em sua carteira, combinando renda fixa e variável para obter os melhores rendimentos para investidores moderados ou arrojados. Por conta da variedade de opções, o gestor tem mais liberdade para alocar os recursos e ir atrás de rendimentos mais satisfatórios para o grupo.
  • Fundos cambiais: aplicam pelo menos 80% do patrimônio do grupo em moeda estrangeira. Os mais comuns são os que investem no dólar americano. São ideais para quem planeja viajar para o exterior e quer se proteger de uma possível alta na cotação.
  • Fundos de ouro: aplicam pelo menos 80% do patrimônio do grupo em reservas de ouro. Como o ouro se mantém positivo em relação a outros ativos, mesmo em tempos de crise, é uma alternativa muito procurada pelos investidores para diversificar a carteira.
  • ETFs (Exchange Traded Fund): também conhecidos como fundos de índices, são fundos que acompanham a performance de indicadores de referência, como o Ibovespa..
  • Fundos de previdência privada: são o destino de quem poupa com foco na aposentadoria ou em projetos de médio e longo prazo. Podem ser fundos de renda fixa ou multimercado.
  • FOFs (Founds of Founds): nesta opção, você pode colocar o seu dinheiro em diversos fundos ao mesmo tempo com uma única aplicação. É uma forma interessante de acessar simultaneamente diversos fundos de renda fixa, ações, multimercado, entre outros.
  • FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Créditos): também chamado de Fundo de Recebíveis, é um fundo de renda fixa baseado em dívidas de clientes com empresas pelo pagamento a prazo, como cheques e parcelas do cartão de crédito. Quando o cliente efetua o pagamento, o dinheiro vai para o investidor (com juros), ao invés de ir para a empresa.


Outros tipos de investimentos

Apesar de a renda fixa, as ações e os fundos de investimentos serem as alternativas mais conhecidas do mercado, a variedade não para por aí. Existem diversos instrumentos negociados em bolsas de valores disponíveis para investidores, como câmbio, derivativos, contratos futuros, contratos a termo, contratos de índices, mini índices, taxas, mercadorias, dentre outros. Abaixo explicamos as mais populares entre esses: opções e commodities.


Opções

Opções são contratos onde se negocia o direito de comprar ou vender um lote de ações por um preço fixado. Quem compra uma opção ainda não está adquirindo um título da empresa emissora, e sim garantido que poderá fazê-lo no futuro pelo mesmo preço de hoje.

Por exemplo: se você tiver uma opção da Vale e as ações da companhia se valorizarem no futuro, poderá comprá-las pelo preço original e obter os lucros dessa operação.

Esse tipo de investimento faz parte do mercado de derivativos, que se baseia na negociação de contratos que dependem (derivam) de outros ativos.


Commodities

Commodities são matérias-primas produzidas em larga escala e comercializadas no mundo inteiro, como a soja, o milho, a madeira e a água, entre outras.

Elas são negociadas no Mercado Futuro, um ambiente dentro da B3 onde são feitos contratos de compra e venda para uma data futura, conhecidos como contratos futuros. A ideia não é receber o produto final, e sim lucrar com a oscilações dos preços, que mudam diariamente.

Funciona assim: antes mesmo de colher uma plantação, por exemplo, o produtor combina um preço com o comprador hoje para pagamento em uma data futura. Se nesse prazo o preço estiver abaixo do acordado, quem ganha é o vendedor; se estiver acima, o lucro fica com o investidor.


Como começar a investir?

Agora que você já conhece os tipos de investimentos, está pronto para começar a investir. Fique atento às dicas a seguir e prepare-se para começar a fazer o seu dinheiro trabalhar por você.


Por onde investir?

Para começar a investir, basta criar uma conta em uma corretora de valores, instituição financeira que intermedia a compra e venda de títulos financeiros dos seus clientes. Elas contam com plataformas online que tornam as negociações simples e intuitivas, tanto para ativos de renda fixa quanto para ações e fundos.

Como dito anteriormente, para algumas aplicações as corretoras costumam cobrar taxas, como a corretagem e a custódia. No entanto, muitas instituições optam por não repassar esses custos aos clientes, então fique de olho nesse detalhe antes de escolher a sua corretora.

Os grandes bancos também costumam oferecer aos clientes títulos de renda fixa, como CDBs ou letras de crédito, mas, em geral, não é vantajoso investir com eles. Isso porque o rendimento das aplicações costuma ser baixo e as taxas, muitas vezes, ficam acima do mercado.

Se você ainda não se sente confortável em escolher sozinho suas próprias aplicações, pode procurar uma gestora de investimentos. Dependendo da gestora é possível investir em fundos ou fazer carteiras de investimento personalizadas. Em ambos os casos os recursos dos investidores são 100% geridos pelos especialistas da gestora.

Outra alternativa para quem quer começar a investir é contratar um agente autônomo de investimentos (AAI), profissional que presta esse auxílio de maneira independente.


Como decidir em que produto investir?

Para decidir em qual produto investir, é necessário levar em conta o seu perfil de investidor e os seus objetivos. Se o seu foco for renda fixa, compare a rentabilidade e a liquidez de cada aplicação, de acordo com as suas necessidades.

Quando se trata de ações, há mais riscos e análises em jogo, o que requer um critério maior. Na hora de investir em ações, existem dois métodos úteis para decidir qual ativo escolher:
  • Análise fundamentalista: toma como base a performance da empresa, levando em conta seus dados contábeis, gerenciais e de mercado. Ao avaliar um ativo observando esses fundamentos, é possível identificar oportunidades e estimar se ele vai ou não se valorizar a longo prazo.
  • Análise técnica: identifica padrões de comportamento para apontar tendências com base em gráficos, ferramentas, cálculos e projeções. Especialistas em day trade costuma usar muito essa abordagem em suas negociações diárias.

Seja quais forem as suas preferências e o seu método de avaliação, lembre-se sempre: o bom investidor não coloca todo o seu dinheiro em apenas uma ou duas aplicações, e sim em várias.

É aí que entra o conceito de carteira de investimentos, que nada mais é que a composição as suas aplicações. Para construí-la do jeito certo, é preciso contar com um portfólio equilibrado e diversificado de ativos.

Dessa forma, você minimiza os riscos de ter grandes prejuízos, já que os ganhos de uma aplicação podem te proteger das perdas de outra.


Como saber se um investimento é seguro?

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é a entidade que garante a segurança dos investimentos no Brasil. O órgão tem o intuito de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários, ou seja, títulos financeiros e contratos de investimento coletivo.

Entre os valores mobiliários passíveis de fiscalização estão:
  • ações;
  • debêntures;
  • certificados de depósito de valores mobiliários;
  • cotas de fundos de investimentos;
  • contratos futuros, de opções ou de outros derivativos;

Como aprender mais sobre investimentos?

Investir requer conhecimento, por isso é necessário estar sempre buscando novas fontes de informações para se aperfeiçoar como investidor e tomar as melhores decisões. Uma sugestão é buscar canais de finanças no YouTube, ler alguns livros sobre investimentos e conversar com amigos que entendam do assunto.

Os cursos oferecidos pela Bolsa de Valores são uma das melhores formas aprender mais sobre esse universo.

Neles, é possível conhecer conceitos técnicos do mercado financeiro e aprender a identificar as melhores oportunidades. Tudo isso com a vantagem de os conteúdos serem acessíveis e destinados aos diferentes perfis de investidores.

Agora que você já conhece o básico sobre investimentos e como eles funcionam, é hora de colocar o que aprendeu em prática.


Nenhum comentário:

Postar um comentário