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31 de out. de 2023

Trust ou Offshore: qual estrutura é melhor para investir no exterior?

Ambas as estruturas oferecem proteção e planejamento patrimonial no exterior, mas diferem no crucial: a finalidade da alocação


A nova tributação de investimentos no exterior em discussão no Congresso Nacional pode mudar a dinâmica de aplicações de brasileiros lá fora, mas não acabar com a prática de vez. Segundo especialistas consultados pelo InfoMoney, a decisão de criar ou não uma offshore ou trust irá variar caso a caso. Mas, qual estrutura é a melhor?

Os investimentos diretos no exterior por brasileiros somavam US$ 474,1 bilhões em 2021, segundo os dados mais recentes do Banco Central (BC), divulgados em março de 2023. Trata-se do maior valor já registrado e representa um avanço de 5,8% em relação a 2020.

Os paraísos fiscais – países que têm vantagens tributárias para pessoas físicas e empresas – são os principais destinos deste capital. Conforme os dados do BC, dentre os cinco países que detêm o maior volume financeiro vindo do Brasil, três são paraísos fiscais: Ilhas Cayman, Ilhas Virgens Britânicas e Bahamas.

O trio somou 46,2% do total registrado de investimentos de brasileiros no exterior em 2021, equivalente a US$ 199,76 bilhões. Grande parte desse dinheiro está alocado em empresas offshore chamadas de PIC (Private Investment Company), sediadas nesses países.

“Existe um preconceito muito grande no Brasil com empresas offshore e paraísos fiscais porque são estruturas que foram utilizadas para atividades ilegais”, diz Alexandre Arregui, advogado especialista em Planejamento Patrimonial e Sucessório. “Mas não é ilegal ou ilícito ter uma offshore, desde que se cumpra as regras da Receita Federal.”

Segundo Arregui, atualmente existe um intercâmbio de informações entre países muito maior do que no passado, de modo que há mais transparência e confiança em manter uma empresa no exterior para usufruir de vantagens tributárias.

Mas não são somente os impostos baixos ou nulos que são atrativos em empresas offshore. A companhia sediada no estrangeiro também oferece blindagem e proteção patrimonial contra riscos políticos e cambiais, além de mais facilidade para o planejamento sucessório de bens.

Uma PIC pode ser constituída por uma pessoa física ou jurídica para fazer negócios e/ou investir no exterior. É possível investir em Bolsa (ações, fundos, REITs, renda fixa), imóveis (patrimônio físico), private equity (startups) e outros bens, como peças de arte, veículos de luxo e outros.


Trust

Outra estrutura para gestão de patrimônio no exterior que é bastante associada às offshore é a trust. A trust é um acordo em que o dono do patrimônio passa os seus bens para uma terceira pessoa administrar segundo regras previstas em contrato.

Trust não é um investimento e não tem como função principal ser uma estrutura para investimento. Essencialmente, a trust é constituída para planejamento patrimonial. O acordo é firmado entre três partes:
  • O dono do patrimônio (settlor) que institui a trust;
  • Administrador e distribuidor dos bens (trustee);
  • Beneficiários (beneficiary)

Ao firmar uma trust, o dono do patrimônio concede os seus bens para o trustee e deixa de ter controle sobre o patrimônio. Se a trust estabelecida for revogável, é possível retomar a posse dos bens no prazo determinado em contrato. Porém, se for irrevogável, somente os beneficiários terão direito àquele patrimônio.

“Esta é uma diferença crucial entre trust e PIC. Ao firmar a trust, você concede o controle dos seus bens ao trustee, que irá gerir segundo as regras do acordo. Na PIC, você ainda é dono e tem todo o controle do patrimônio daquela empresa”, diz Alessandro Fonseca, sócio de Gestão Patrimonial, Família e Sucessões do Mattos Filho.

Por ser um contrato firmado entre o settlor e o trustee, a trust possui muita flexibilidade em relação às suas cláusulas. É possível estabelecer uma série de regras em relação à administração do patrimônio. Por isso, o uso mais comum é para o planejamento sucessório.

“É possível colocar regras para distribuição aos beneficiários. Porcentagem para cada um, idade ou outra imposição para liberar os bens, pagamento de rendimentos mensais. São muitas opções que a legislação brasileira não concede”, diz Siqueira, da Portofino.


Custos e impostos

Offshores e Trusts são concebidos em paraísos fiscais para ter vantagens tributárias. Segundo a legislação brasileira, paraísos fiscais são países que não tributam a renda ou que têm impostos inferiores a 20% – valor menor do que o teto do Imposto de Renda brasileiro, de 27,5%.

As Ilhas Virgens Britânicas, um dos paraísos fiscais listados pela Receita Federal, não cobram nenhum imposto sobre renda, ganhos de capital, herança e doações. A única cobrança é uma taxa anual do governo, a partir de US$ 925 (R$ 4,45 mil).

Para brasileiros que têm PICs, atualmente, os lucros são tributados apenas quando distribuídos ou creditados, no exterior ou no Brasil. Se não há movimentação ou o lucro é reinvestido, o valor fica livre de imposto. Entretanto, está em tramitação no Congresso um projeto de lei que visa mudar essa forma de tributação.

No caso da trust é mais complicado. A trust não está prevista na legislação brasileira. Ela é uma estrutura de países que herdaram as leis anglo-saxônicas, enquanto o Brasil importou as regras romanas. Existem projetos de lei com propostas de regulamentação, mas, atualmente, não há um entendimento jurídico definido.

Isso gera insegurança em relação à tributação aplicável no momento da distribuição do patrimônio para os beneficiários. Segundo Fonseca, há duas possíveis leituras jurídicas: como herança, em que o imposto pode incidir em até 8% (a depender do estado); ou como renda, com cobrança de até 27,5% de imposto pela Receita Federal.

Em termos de custos iniciais, abrir uma trust ou uma offshore varia entre 50% e 100% do valor da manutenção anual. Já as anuidades variam entre US$ 2 mil e US$ 4 mil para uma PIC e de US$ 10 mil a US$ 15 mil para uma trust.


Offshore ou Trust?

Fonseca, do Mattos Filho, afirma que uma trust não é a melhor estrutura para quem está interessado somente em investir no exterior. “É uma estrutura cara de se manter, muita complexa de instituir e que oferece riscos para quem está no Brasil, porque não tem uma regulamentação própria”, diz.

Se o objetivo é investir no exterior, entre trust e offshore, Fonseca afirma que a segunda é uma escolha mais adequada, mas ressalta que somente vale a pena se o tamanho do patrimônio puder arcar com os custos e ainda assim obter lucro.

Segundo o relatório do Banco Central, cerca de 70% das pessoas que fazem investimento direto no exterior detêm entre US$ 1 milhão e US$ 10 milhões de patrimônio. Os especialistas indicam que o valor mais adequado seria a partir de US$ 500 mil (R$ 2,4 milhões).

Atualmente há contas internacionais que permitem um acesso amplo a investimentos internacionais para valores de patrimônio menores”, diz Fonseca. “A estrutura de offshore faz sentido para volumes financeiros muito altos e outras formas de patrimônio, como imóveis.


Mudança nos impostos

Aprovado na semana passada pela Câmara dos Deputados, o projeto de lei dos fundos exclusivos e offshores (PL 4.173/23) deve mudar a tributação desses investimentos. Para virar, o texto ainda deverá passar pelo Senado e, depois, por sanção Presidencial.

Entre as propostas voltadas para offshores, está a mudança da cobrança apenas na distribuição de lucros para um recolhimento anual (come-cotas), com alíquota fixa de 15%.

Estará sujeita à mesma alíquota a variação cambial do investimento que for trazido para o Brasil quando a aplicação for liquidada. Ou seja, quando o capital principal do investimento voltar para o Brasil e for convertido para reais, o investidor terá que pagar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) da conversão e os 15% da variação cambial sobre o investimento.

Outra mudança será na introdução do conceito de renda passiva para classificar as offshores que se enquadram para aplicação do imposto. O texto prevê que as PICs que tenham mais de 40% do seu lucro em renda passiva (juros, dividendos, royalties, aluguéis, ganhos de capital e outros) estarão sujeitas à nova tributação.

Nem todas as offshores poderão ter o mesmo tratamento. Pelo texto aprovado na Câmara, apenas as PICs com sede em paraísos fiscais passariam a ser obrigadas a entregar balanço seguindo as regras de contabilidade brasileiras. As demais, sediadas em outros países, poderiam continuar acompanhando a norma local.

“É uma medida importante, porque existem casos de países que têm normas muito diferentes das brasileiras. Como a maioria das offshores está sediada em paraísos fiscais, grande parte dos balanços vai ter que seguir a contabilidade brasileira”, explica Leonardo Freitas de Moraes e Castro, advogado e sócio do VBD Advogados.

O PL segue para análise do Senado Federal. Se aprovado por lá e for sancionado pela Presidência, a nova tributação teria efeito a partir de 1º de janeiro de 2024, com aplicação da declaração de imposto de renda de 2025. Para antecipar a arrecadação, a proposta prevê uma alíquota menor, de 8%, para atualização dos ganhos até aqui.

No caso das trusts, o PL 4.173/23 não traz grandes mudanças. No entanto, Castro aponta que as mudanças gerais serão aplicadas também a esses veículos, incluindo alíquota de 15%, a variação cambial para repatriação dos valores e a taxa de 8% para atualização dos bens.


27 de out. de 2023

O que é e como abrir uma Offshore

Benefícios fiscais e facilidade nas movimentações financeiras são características dessa estrutura. Mas será que é simples (e legal) abrir uma offshore?


Certamente, você já se deparou com o termo offshore nos noticiários sobre economia ou política, normalmente envolvendo algum fato polêmico ou escândalos financeiros em relação a dinheiro no exterior. Certo?

Junto de offshore, costuma vir a expressão “paraíso fiscal”, que também remete a vantagens financeiras lá fora. Muitas vezes, a forma como esses dois conceitos chegam até as pessoas leva a crer que, necessariamente, estão ligados a algo obscuro ou ilícito.

Aqui, o primeiro spoiler sobre o conteúdo deste guia: offshore é um formato jurídico totalmente legal. Inclusive, os detentores desse tipo de empresa têm a obrigação de prestar contas financeiras e fiscais às autoridades brasileiras.

Para entender o que é uma offshore, como funciona, o que justifica a sua existência e demais aspectos importantes sobre o tema, continue a leitura.


O que é offshore?

O termo offshore – que significa algo como “fora da costa” – se refere a uma forma de investir no exterior, seja por meio de uma conta bancária ou de uma empresa constituída em outro país.

Em outras palavras, uma offshore existe quando o proprietário da conta ou empresa mora em um país e realiza negócios em outros. Por sua vez, esses negócios podem ter origens diversas, como investimentos no mercado financeiro, imobiliário, atividades operacionais de empresas, e assim por diante.

Teoricamente, é possível abrir uma offshore em qualquer país. No entanto, o que mais ocorre na prática é vermos esse formato jurídico em países que possuem algum tipo de tributação favorecida – os chamados paraísos fiscais. Ou seja, o que motiva realmente alguém a abrir uma offshore é a economia tributária que se pode ter em determinados investimentos ou atividades empresariais.


Empresa offshore é algo legal?

Não só é legal, como há offshores espalhadas em diversos lugares do mundo. Muitas vezes, o que não é lícito são os recursos movimentados por essas empresas no exterior. Mas isso nada tem a ver com o formato jurídico dessas empresas.

Dependendo da jurisdição à qual pertencem, as offshores podem apresentar peculiaridades distintas.


Como funcionam empresas offshore?

Uma das características das empresas offshore é o fato de os seus proprietários não estarem domiciliados no país que as abriga. Além disso, para serem consideradas como tal, a sua gestão deve ser feita no país de origem dos proprietários.

Um aspecto fundamental em relação ao funcionamento das offshores é sua jurisdição, pois cada país tem suas próprias normas legais sobre o tema. Pedro Barreto, chaiman da consultoria de investimentos internacionais Ativore, observa que a estrutura mais utilizada por brasileiros é BVI (Ilhas Virgens Britânicas), seguida de Ilhas Cayman. Ambas são territórios britânicos ultramarinos, localizadas no Caribe, cada qual com seu próprio governo mas sob o mesmo sistema jurídico.

Tanto BVI quanto Cayman oferecem vantagens como um sistema jurídico sólido, facilidade de registro e confidencialidade em relação a informações sobre os proprietários das offshores. Além disso, nenhuma das duas cobra impostos sobre heranças, e existem acordos que evitam a dupla tributação entre diferentes territórios.

Segundo Barreto, BVI e Cayman já conhecem a cultura brasileira, inclusive muitas pessoas falam português por lá, o que não ocorre em outras jurisdições. No entanto, pelo fato de ser mais simples, menos burocrática e mais barata, BVI é a primeira opção dos brasileiros que querem abrir uma offshore.

Outro ponto observado por Barreto é que, a partir de 2024, BVI exigirá contabilidade de quem possui uma offshore no território, algo que já é necessário em Cayman e em outras localidades, como Uruguai, por exemplo. Aqui, o chaiman faz um alerta sobre a importância dos registros contábeis, mesmo quando a jurisdição não obriga a isso.

“Digamos que você não tenha uma contabilidade organizada e sofra algum tipo de auditoria. Nesse caso, o fisco pode questionar se realmente você tem uma empresa lá fora, ou se é só um aglomerado de ativos. Na segunda hipótese, corre-se o risco de haver desconsideração da pessoa jurídica e, nesse caso, você será tributado como pessoa física, o que é muito mais caro”.


Quanto custa abrir uma offshore?

Os gastos que o investidor terá para abrir esse tipo de estrutura envolvem custos operacionais (como tradução de documentos e sistemas de prevenção à lavagem de dinheiro, por exemplo), além de custos legais e de contabilidade, se for o caso.

De acordo com Barreto, para abrir uma offshore em BVI hoje, o desembolso total será entre US$ 1.600 a US$ 2.000. Além disso, serão necessários de US$ 1.400 a US$ 1.800 anualmente para manter a estrutura no exterior.

“O valor anual que será desembolsado contempla as taxas pagas ao governo e o trabalho do agente lá fora, que ficará renovando a licença da empresa. No caso de existir contabilidade, haverá um custo adicional que dependerá da complexidade das operações. Se for algo mais simples, o valor fica em torno de US$ 1.200 por ano”, explica.


Qual a diferença entre onshore e offshore?

Em termos financeiros e operacionais, define-se onshore como todas as transações que ocorrem no país de origem da empresa. Nesse caso, as negociações são regidas pelas respectivas legislações internas.

Em contrapartida, offshore remete a operações feitas no exterior por uma empresa que não tem operação no respectivo país.


O que é paraíso fiscal?

Na maioria das vezes, as offshores são abertas em paraísos fiscais. Basicamente, esses são locais que oferecem vantagens tributárias, como alíquotas bem menores, ou mesmo isenção de impostos em muitos casos.

De acordo com a definição da Receita Federal, um paraíso fiscal é classificado “em função da baixa tributação ou da pouca transparência sobre informações de empresas lá domiciliadas”. Em outras palavras, os paraísos fiscais asseguram sigilo em relação aos envolvidos nas transações realizadas pelas offshores. Dessa forma, pode-se movimentar qualquer quantia de dinheiro com baixo ou nenhum custo, sem que seja necessário revelar as identidades de quem o fizer.

Fazem parte desse grupo os países que possuem carga tributária inferior a 20%. Atualmente, há cerca de 70 países considerados paraísos fiscais pela Receita Federal. Apesar de grande quantidade deles – e os mais conhecidos – estarem na região do Caribe (como Aruba, Ilhas Cayman e Bahamas), países como Luxemburgo, Suíça, Irlanda, Hong Kong, Singapura, Emirados Árabes Unidos e Líbano também integram essa lista.


Como abrir uma offshore?

Agora que já sabemos o que é e como funciona uma offshore, é hora de entender como ocorre o processo de abertura. Existem diversos fatores a serem avaliados, e precisam seguir uma determinada ordem. Lembrando que é necessário ter um agente residente no país sede da estrutura, para que ele faça todos os trâmites necessários junto ao fisco e demais entes do governo local.

O primeiro passo é definir quais são os objetivos da offshore. Ou seja, quais são os bens que o cliente deseja colocar sob a estrutura da empresa – ativos financeiros, bens imobilizados, royalties ou outros intangíveis, outras empresas, e assim por diante.

Feito isso, a etapa seguinte é escolher a jurisdição mais adequada. Há diferenças entre elas e será preciso avaliar qual poderá oferecer melhores custos operacionais e condições mais vantajosas, como redução ou isenção de impostos.

Definida a jurisdição, começa a etapa de identificar os prestadores de serviços locais que podem oferecer o melhor suporte. Nesse caso, é fundamental checar a reputação desses profissionais e se eles têm uma estrutura adequada para questões operacionais, como tradução no caso de o cliente não falar a língua local, por exemplo.

Depois de concluídos os três primeiros passos (objetivo, escolha da jurisdição e do prestador de serviços), daí sim começa o processo de abertura. Embora não seja propriamente difícil, essa é a etapa mais trabalhosa do processo, pois envolve o preenchimento de vários formulários com dados pessoais. Por exemplo, será preciso informar quem são os donos ou beneficiários da offshore, apresentar comprovantes de identidade e residência, eventualmente comprovação de renda, antecedentes criminais e outros documentos, de acordo com os critérios do prestador de serviços local. Sendo que uns podem ser mais rigorosos do que outros no que se refere à documentação e comprovações legais.

Por fim, com tudo já aprovado, vem o momento de comprovar a origem dos recursos que serão direcionados à offshore. Aqui, começa uma nova análise, e também é possível que novas informações e/ou documentos comprobatórios venham a ser solicitados.


Como funcionam as contas offshore?

A lógica de uma conta offshore é a mesma de uma empresa aberta sob esse formato. Ou seja, esse tipo de conta é aberta fora do país de residência do usuário, com o objetivo de reduzir custos de tributação e obter taxas de juros mais atrativas.

Além disso, quem possui uma conta offshore pode fazer transações em diferentes moedas, de forma segura e sem muita burocracia. Lembrando que, a exemplo das empresas offshore, essa conta também permite sigilo nas operações.

Na prática, uma conta offshore funciona de maneira bastante simples. Depois de aberta, o cliente pode utilizá-la para fazer e receber depósitos, pagamentos, transferências e demais movimentações. Muitas dessas contas são abertas em paraísos fiscais, justamente para aproveitar as vantagens tributárias que vimos anteriormente.


Como enviar dinheiro para uma offshore?

Com a conta aberta, já é possível enviar o dinheiro para a offshore. No entanto, as remessas de recursos para o exterior precisam ser comunicadas à Receita Federal. Esse órgão é responsável por controlar essas transações, verificando se os recursos têm origem legal e se estão livre de ônus ou possuem alguma pendência financeira por aqui. Portanto, antes de mandar dinheiro para fora do país, é necessário ter muita atenção às regras brasileiras de evasão de divisas.

Lembrando que, por si só, as offshores não são tributadas no Brasil. Porém, se os seus sócios enviarem dinheiro do Brasil para o exterior, ou se a empresa exercer alguma atividade aqui, daí sim será preciso declarar e recolher os respectivos impostos, segundo o ordenamento jurídico brasileiro.


Investimentos offshore

Com o dinheiro fora do país, é possível ter acesso a uma diversificação muito maior de ativos para investir. Por exemplo, nas duas bolsas norte-americanas, NYSE e Nasdaq, há mais de 6 mil empresas listadas, ao passo que, aqui no Brasil, as companhias que negociam ações na B3 não chegam a 500.

Ainda em relação ao mercado americano, outra alternativa na renda variável são os REITs, os fundos imobiliários dos EUA. Porém, há um alerta quanto a essa modalidade: diferentemente dos FIIs brasileiros, os dividendos dos REITs são tributados em 30% se o investidor não for residente.

Também existem opções interessantes na renda fixa para quem quer investir no exterior. Um exemplo são os bonds, que podem ser títulos emitidos pelos governos ou por empresas estrangeiras. Os mais conhecidos são os bonds americanos, por serem considerados ativos livres de risco.


Vantagens e desvantagens de uma offshore

Para o investidor, uma vantagem de uma offshore é a economia tributária, com redução ou mesmo isenção de impostos. Com isso, ele pode melhorar a competitividade da empresa, se ela for operacional, ou rentabilizar o patrimônio, se ela for composta por bens pessoais.

Em muitos casos, as offshores são excelentes instrumentos de planejamento sucessório. Ao determinar cotas para os herdeiros em vez de bens físicos, isso facilita a divisão da herança, evitando possíveis litígios no futuro. Inclusive, dependendo do país escolhido para a offshore, a transmissão da herança não será tributada e ocorrerá de forma bem mais rápida do que em um processo de inventário.

Outra vantagem da estrutura é a preservação da identidade dos sócios e o sigilo das transações realizadas. Dependendo do caso, isso pode ser importante para um empresário que não deseja expor o seu negócio à concorrência.

Normalmente, os países nos quais as offshores são abertas são bastante estáveis politicamente. Isso faz com que a sua economia também seja constante, o que dá mais segurança ao investidor. Por fim, a liberdade para operar com diferentes moedas fortes e aproveitar boas oportunidades no câmbio também é um ponto positivo dessas empresas.

Por outro lado, há quem tenha um pé atrás quanto a investimentos em paraísos fiscais, justamente pelo formato sigiloso dessas operações. Isso pode afastar potenciais investidores, o que acaba sendo uma desvantagem das offshores.

E, se a empresa for operacional, também poderá haver a barreira do idioma e do fuso horário, caso seja necessário falar constantemente com pessoas de outro país. No entanto, esses aspectos acabam sendo pouco relevantes, tendo em vista todas as vantagens que uma offshore bem estruturada pode trazer ao seu proprietário.


Mudança na tributação

Atualmente, os rendimentos obtidos por meio de entidades offshore são submetidos a um regime tributário mais benéfico do que no Brasil. Ao contrário do que acontece com a maioria dos fundos de investimento, os lucros apurados por controladas no exterior somente ficam sujeitos à cobrança de Imposto de Renda quando são disponibilizados ao sócio que seja residente fiscal no Brasil.

Ou seja, enquanto o sócio da offshore não embolsa os lucros, não há incidência do imposto. No entanto, essa taxação diferenciada, também chamada de diferimento tributário, deve acabar a partir de 2024.

Em outubro de 2023, a Câmara dos Deputados aprovou um Projeto de Lei que prevê a tributação de rendimentos de fundos offshore em 15%, com cobrança anual (come-cotas) a partir de 2024. Já os ganhos acumulados até agora seriam taxados em 8%.

Antes de virar lei, o texto ainda será analisado pelo Senado Federal.

10 de out. de 2023

Mubadala planeja investir US$ 1 bilhão por ano no Brasil

Mubadala / Divulgação

O CEO da Mubadala Capital, Oscar Fahlgren, disse, em entrevista para a Bloomberg, que a companhia pretende investir mais de US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões na cotação atual) por ano para expandir suas participações no Brasil, que vão de uma refinaria de petróleo até uma concessão rodoviária

O presidente do braço de investimentos do fundo soberano de Abu Dhabi, afirmou que os investimentos seguem em linha com o otimismo em relação às perspectivas de crescimento do País sob o comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O PIB está crescendo mais do que o esperado e temos visto estabilidade política desde que a nova administração assumiu”, disse ele, por videoconferência. “O clima na comunidade internacional ficou mais favorável ao Brasil.”

A empresa acaba de fechar um segundo fundo específico para Brasil, com mais de US$ 710 milhões, mais que o dobro do primeiro veículo de investimento, e deve começar a captar para um fundo maior ainda em 2024, disse Fahlgren.

A Mubadala Capital tem US$ 20 bilhões sob gestão, dos quais cerca de dois terços provêm de terceiros investidores externos, e continua a procurar investimentos oportunos em empresas ativos em dificuldades. Os próximos passos poderão incluir empresas de varejo em dificuldades, o desenvolvimento de uma nova bolsa de valores para competir com a B3 ou mesmo a criação de uma nova liga de futebol no Brasil.

Reestatização de refinaria

O grupo também é dono da Acelen, empresa que adminstra a refinaria de Mataripe, antiga Landulfo Alves (RLAM), adquirida da Petrobras (PETR3;PETR4) durante o governo passado, na Bahia. A Mubadala Capital e a Petrobras assinaram recentemente um acordo para avaliar uma unidade de biodiesel e combustível para aviação sustentável na refinaria. A planta poderia se tornar uma das maiores produtoras de combustíveis renováveis do planeta, disse Fahlgren.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem dado declarações indicando que a Petrobras recompre a refinaria de Mataripe. Fahlgren não quis comentar se há negociações em andamento.

Fundo encerrou recentemente um segundo fundo específico para o Brasil com mais de US$ 710 milhões, e deve começar outro fundo já em 2024

O Mubadala Capital, o braço de investimentos do fundo soberano de Abu Dhabi, está otimista quanto às perspectivas de crescimento do Brasil sob o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e planeja investir mais de US$ 1 bilhão por ano para expandir suas participações no país, que vão desde uma refinaria de petróleo até uma estrada com pedágio.

Mais de uma década depois de vir ao Brasil para investir no império de commodities do então bilionário Eike Batista, a empresa aportou mais de US$ 5 bilhões no país, disse Oscar Fahlgren, presidente da Mubadala Capital no Brasil, em entrevista. A escala e o potencial de retorno no Brasil fazem dele o local mais atraente da América do Sul, disse ele.

Corrida dos marombas Mubadala abocanha 51% da rede de academias Bluefit por R$ 464 milhões, Companhia deve fazer um novo aumento de capital; concorrente Smart Fit quer retomar expansão no Brasil

O PIB está a crescer mais do que o esperado e temos visto estabilidade política desde que o novo governo assumiu”, afirmou. “O clima na comunidade internacional está favorecendo o Brasil e, em última análise, esse é um ambiente benéfico para se estar.”

A gestora acaba de fechar um segundo fundo específico para o Brasil com mais de US$ 710 milhões, mais que o dobro do primeiro fundo, e deve começar a levantar capital para um fundo ainda maior em 2024, acrescentou Fahlgren.

O Mubadala Capital tem US$ 20 bilhões sob gestão, dos quais cerca de dois terços provêm de investidores externos. E continua a procurar oportunidades no país. No radar da gestora estão empresas com dificuldades de capital, uma nova Bolsa de Valores para competir com a B3 e, até mesmo, a criação de uma nova liga de futebol no Brasil.

Oscar Fahlgren, chefe do Mubalada no Brasil: país segue sendo a ‘bola da vez’ 
(Dado Galdieri/Bloomberg)

A entrada dos Emirados Árabes Unidos no Brics provavelmente aumentará os fluxos de capital entre os países membros, disse o executivo, acrescentando que a turbulência no resto do mundo torna o Brasil um destino de investimento ainda mais atraente.

O Mubadala Capital concentrou-se em ativos problemáticos com avaliações atraentes que podem ser revertidas. Seu portfólio inclui uma rodovia com pedágio no Estado de São Paulo e a produtora de etanol Atvos, ambas adquiridas junto à Novonor, a antiga Odebrecht.

O grupo também é dono da Acelen, empresa que criou para operar uma refinaria de petróleo adquirida da Petrobras na Bahia. O Mubadala Capital e a Petrobras assinaram recentemente um acordo para estudar uma unidade de biocombustíveis na refinaria de Mataripe para diesel renovável e combustível de aviação, que poderia se tornar um dos maiores produtores de combustíveis renováveis ​​do planeta, disse Fahlgren.

Algumas autoridades pediram que a Petrobras, que tem uma política de proteger os consumidores da volatilidade dos preços dos combustíveis no curto prazo, recomprasse a refinaria de Mataripe. Fahlgren se recusou a comentar se há negociações em andamento.

“Somos uma empresa de investimento internacional. Em princípio, sempre manteríamos uma conversa com todos e quaisquer nossos ativos, se isso fizer sentido para nossos investidores e para nós como empresa”, prosseguiu.

No campo da energia verde, a Mubadala Capital também está expandindo a produção na Atvos e explorando a adição de outros biocombustíveis, incluindo combustível de aviação sustentável, ao seu portfólio atual.

“Tiramos a empresa da recuperação judicial, libertando o seu potencial de crescimento, e estamos a investir fortemente na expansão”, completou.

29 de set. de 2023

O que são ações? Como eles se comparam às ações,

O que são ações?

As ações são unidades de propriedade de uma empresa. Os termos “ações” e “ações” são frequentemente usados ​​de forma intercambiável, mas representam uma empresa de forma diferente. Embora isso possa parecer confuso, é uma questão de como você está falando sobre uma empresa e de quanta propriedade você possui nela. Por exemplo, digamos que a empresa XYZ emitiu ações e você comprou 10 ações delas. Se cada ação representar 1% da propriedade, você possui 10% da empresa. A empresa emitiu ações e você comprou ações dela.


Outra maneira de pensar nisso é que você compra ações, não compra ações. Ações é um termo mais geral, usado para se referir aos instrumentos financeiros que uma empresa emite, enquanto ações são o que você realmente compra.

  • As ações representam unidades de propriedade de uma empresa ou ativo financeiro de propriedade de investidores que trocam capital em troca dessas unidades.
  • As ações ordinárias permitem direitos de voto e possíveis retornos por meio de valorização de preços e dividendos.
  • As ações preferenciais não oferecem valorização de preço, mas podem ser resgatadas a um preço atraente e oferecer dividendos regulares.
  • Muitas empresas emitem ações, mas apenas as ações de empresas de capital aberto são encontradas nas bolsas de valores.

Compreendendo as ações

Ao estabelecer uma empresa, os proprietários podem optar por emitir ações para levantar capital. As empresas então dividem suas ações em ações, que são vendidas aos investidores. Esses investidores são geralmente bancos de investimento ou corretores que, por sua vez, vendem as ações a outros investidores individualmente ou por meio de instrumentos como fundo mútuo ou fundo negociado em bolsa.

As ações equivalem à propriedade de uma empresa. Por representarem propriedade e não dívida, não há obrigação legal de a empresa reembolsar os acionistas se algo acontecer ao negócio.

No entanto, algumas empresas podem distribuir pagamentos aos acionistas através de dividendos. Outros podem optar por não fazê-lo, preferindo destinar todas as receitas à operação, ao crescimento e à garantia do futuro da empresa.

Fundadores, sócios ou funcionários específicos, como executivos, geralmente possuem ações de empresas ou parcerias privadas.


Como as ações são emitidas e regulamentadas

Geralmente, o conselho de administração de uma empresa recebe um número específico de ações que podem ser emitidas. Estas são chamadas de ações autorizadas. Ações emitidas são o número de ações vendidas aos acionistas e contabilizadas para fins de propriedade. Assim, uma empresa pode ter 10 milhões de ações autorizadas, mas emitir apenas 8 milhões.

Como a propriedade dos acionistas é afetada pelo número de ações autorizadas, os acionistas poderão votar para limitar esse número conforme considerarem apropriado. Quando os acionistas desejam aumentar o número de ações autorizadas, eles se reúnem para discutir o assunto e firmar um acordo. Quando concordam em aumentar ou diminuir o número de ações autorizadas, é feita solicitação formal ao estado por meio do arquivamento de artigos de alteração.

As ações de empresas de capital aberto são listadas em bolsas públicas, geralmente por meio de um processo denominado oferta pública inicial (IPO). Este é um processo caro, altamente regulamentado e demorado, no qual uma empresa passa por fases de captação de recursos e escrutínio por parte dos reguladores.

As ações de empresas privadas são geralmente emitidas por meio de opções de ações da empresa ou como outros incentivos a determinados funcionários. Estas ações ainda são regulamentadas, mas geralmente não atendem aos critérios da Comissão de Segurança e Câmbio para serem listadas em bolsa.

A emissão e distribuição de ações nos mercados públicos e privados são regulamentadas pela Securities and Exchange Commission (SEC). A negociação de ações no mercado secundário é supervisionada pela SEC e pela Autoridade Reguladora da Indústria Financeira (FINRA).


Tipos de ações

Conforme mencionado, qualquer empresa pode emitir ações, mas as empresas de capital aberto têm maior probabilidade de dividir suas ações em diferentes tipos de ações.


Ações ordinárias

Muitas empresas emitem ações ordinárias, que são divididas em ações. Geralmente são chamadas de ações ordinárias. Estes proporcionam aos compradores – chamados acionistas – um direito residual sobre a empresa e os seus lucros, proporcionando um crescimento potencial do investimento através de ganhos de capital e dividendos.

As ações ordinárias também vêm com direito a voto, dando aos acionistas mais controle sobre o negócio.3Esses direitos permitem que os acionistas de uma empresa votem em atos societários específicos, elejam os membros do conselho de administração e aprovem a emissão de novos títulos ou o pagamento de dividendos. Além disso, as ações ordinárias podem incluir direitos de preferência, garantindo que os acionistas possam comprar novas ações e reter sua porcentagem de propriedade quando a empresa emitir novas ações.


Ações Preferenciais

As ações preferenciais também podem ser divididas em ações, comumente chamadas de ações preferenciais. Em comparação com as ações ordinárias, as ações preferenciais normalmente não oferecem muita valorização de mercado ou direitos de voto na empresa. No entanto, este tipo de ações normalmente tem critérios de pagamento definidos, como dividendos pagos regularmente, tornando as ações menos arriscadas do que as ações ordinárias.

Como as ações preferenciais têm prioridade sobre as ações ordinárias se a empresa entrar em processo de falência e for forçada a reembolsar seus credores, os acionistas preferenciais recebem o pagamento antes dos acionistas ordinários, mas depois dos detentores de títulos. Esse tratamento prioritário reduz ainda mais o risco em comparação às ações ordinárias.


O que são ações em palavras simples?

As ações representam uma unidade de propriedade da empresa que as emitiu.


Qual é a diferença entre uma ação e uma ação?

Uma ação é um instrumento patrimonial emitido por uma empresa. É dividido em ações, que representam a propriedade.


As ações geram dinheiro para você?

As ações ordinárias podem gerar dinheiro por meio de ganhos de capital ou recompras. As ações preferenciais podem gerar dinheiro para você por meio de dividendos ou preços de recompra mais altos.



20 de set. de 2020

Investimentos: tudo o que você precisa saber para dar os primeiros passos


O interesse dos brasileiros por investimentos vem aumentando nos últimos anos. Só em 2020, o número de pessoas físicas na Bolsa de Valores teve alta recorde e chegou a 2,24 milhões, mesmo em um período de crise econômica.

No entanto, grande parte dos brasileiros ainda não deu os primeiros passos para começar a investir. Muitos ainda pensam que investimentos são apenas para quem tem muito dinheiro, ou que o único caminho para investir com baixo risco é a poupança, mesmo o rendimento da caderneta estando abaixo da inflação.

Para mostrar que esses mitos estão longe de ser verdade, criamos este guia com tudo o que você precisa saber para começar a investir, do conceito básico aos principais tipos de aplicações.


O que são investimentos?

Investimento é a compra de um produto financeiro com o objetivo de obter lucro no futuro. Esse retorno é possível por conta dos juros pagos pelas instituições emissoras dos títulos de crédito ou pela valorização dos papéis.

Esses produtos podem ser, por exemplo, títulos de renda fixa emitidos por bancos, empresas e pelo próprio governo como forma de capitalização. Ou seja, o dinheiro pago pelos investidores financia atividades dos emissores, como obras ou projetos. Em troca desse “empréstimo”, as instituições pagam juros para os investidores.

É possível investir também em títulos de propriedade das empresas de capital aberto, as chamadas ações. Nesse caso, o lucro pode vir dos dividendos da organização ou da venda dos papéis após um período de valorização, por exemplo. Mas vamos começar pelo mais simples, que são os títulos de renda fixa.

Antes de investir, algumas informações já ficam acordadas entre o emissor e o investidor, como: prazo de resgate, liquidez, alíquota do IR a ser paga e taxa de administração. Fica acordado também qual será a taxa referencial para o papel ou o percentual de juros a serem pagos lá na frente. Uma taxa referencial muito comum é o CDI, Certificado de Depósito Interbancário que está sempre próxima à taxa básica de juros da economia, a Selic.

Já nas aplicações de renda variável, como as ações da bolsa, fica difícil prever qual será a valorização dos papéis com os anos. Ainda assim, existem as chamadas análises fundamentalistas e teóricas que fazem uma boa previsão do que está por vir em termos de rendimento.


Por que investir?

De bate pronto, a resposta para esta pergunta parece simples: ganhar mais dinheiro. Mas ganhar mais dinheiro para quê?

Investir requer estudo e disciplina, por isso é preciso ter objetivos claros ao assumir esse compromisso. Sem essa motivação, há grandes chances de você acabar desistindo e usando o dinheiro para outras finalidades.

Existem diversos motivos para começar a investir, e eles variam de pessoa para pessoa. Pode ser comprar uma casa, um carro, fazer a viagem dos sonhos, um curso muito importante ou até mesmo abrir a própria empresa. Seja qual for a sua meta, ela será fundamental para definir os investimentos que você vai escolher.

Mesmo que você não tenha um objetivo específico, lembre-se de que investir é a melhor forma de planejar o seu futuro. Afinal, quando chegar a hora de se aposentar, dificilmente o dinheiro da Previdência Social será suficiente para manter o seu padrão de vida. Nesse momento, ter uma reserva que gere bons rendimentos fará toda a diferença.


Quando começar a investir?

O ideal é começar a investir o mais cedo possível, pois quanto mais tempo o seu dinheiro ficar aplicado, mais ele renderá. Porém, antes de dar o pontapé inicial, é essencial cumprir dois pré-requisitos.

O primeiro deles é quitar as suas dívidas. A possibilidade de fazer o dinheiro se multiplicar é animadora, mas antes é preciso organizar o seu orçamento, sem pular etapas.

Os juros da dívida geralmente são mais altos que os do investimento, principalmente quando se trata de cartão de crédito e cheque especial. Por isso, livre-se delas assim que possível, mesmo que vá demorar um pouco.

Com as dívidas pagas, vem o segundo pré-requisito: montar uma reserva de emergência. Como o próprio nome diz, essa reserva consiste em uma quantia que você deve ter guardada para imprevistos, como comprar remédios, consertar o carro, para o caso de desemprego ou impossibilidade de trabalhar.

Especialistas indicam que a reserva de emergência cubra 6 a 12 meses das despesas básicas da pessoa.

Portanto, a quantia ideal varia de acordo com o padrão de vida de cada um: para alguém que gasta R$ 4 mil por mês, o valor deve ser de, no mínimo, R$ 24 mil; para quem tem custos de R$ 10 mil por mês, a reserva precisa ter pelo menos R$ 60 mil.

A reserva de emergência deve ser colocada em aplicações de baixo risco que possam ser resgatadas a qualquer momento, como o Tesouro Direto Selic e alguns tipos de CDBs (falaremos mais sobre eles a seguir).

Porém, lembre-se: o foco dessa reserva não é obter altos retornos, e sim garantir a sua segurança financeira. Depois de quitar as dívidas e montar a sua reserva, aí sim será o momento de começar a investir para construir patrimônio.


O que é perfil de investidor?

Para começar a investir, o primeiro passo é saber seu perfil de investidor, também conhecido como suitability. Ele é definido a partir de uma análise comportamental que identifica as suas expectativas em relação aos investimentos, levando em conta fatores como:
  • quanto tempo você pretende deixar o dinheiro investido;
  • qual é a sua tolerância a riscos;
  • quais são seus objetivos financeiros.
Essa avaliação é muito importante para descobrir quais são os investimentos ideais para os seus objetivos, os seus limites de risco e o seu nível de conhecimento sobre finanças, aumentando as suas chances de atingir os resultados que espera.

São três os perfis em que um investidor pode se encaixar:

  • Conservador
Investidores conservadores priorizam aplicações seguras, com baixa chance de perda, ainda que isso implique rendimentos mais baixos. Alguns perfis de investidores conservadores são:
  • Quem tem pouco recurso para investir e não quer correr riscos de perdê-lo;
  • Pessoas que estão começando a investir e ainda têm medo de arriscar;
  • Quem já tem um patrimônio sólido e não tem mais ambição de grandes ganhos;
  • Pessoas que estão próximas de se aposentar e não querem fazer manobras arriscadas com o dinheiro.
Lembrando que os investimentos conservadores e com alta liquidez também são os mais indicados para quem está montando a reserva de emergência.

  • Moderado
O investidor moderado é um pouco mais ousado que o conservador: ele preza pela segurança, mas está disposto a arriscar um pouco mais para obter melhores retornos. Por isso, tem uma carteira de investimentos que equilibra aplicações de alto e baixo risco financeiro.

Normalmente, se encaixam neste perfil pessoas que começaram de forma mais conservadora, ganharam experiência e agora estão mais à vontade para experimentar novas possibilidades ou então investidores que querem diversificar a carteira, mas sem abrir mão de alguma segurança.

  • Arrojado
Investidores com perfil arrojado preferem aplicações que possam gerar mais rentabilidade, mesmo que isso signifique um risco maior. Um investidor arrojado normalmente tem bom conhecimento sobre o mercado financeiro e sabe que eventuais perdas podem ser compensadas a longo prazo, por isso não tem medo de investir em ações e outros produtos de renda variável.

Apesar disso, arrojados sempre colocam parte do seu dinheiro em aplicações mais conservadoras. Elas são essenciais para diversificar a carteira e proteger o patrimônio, minimizando o impacto caso haja alguma perda muito grande com os investimentos mais arriscados.


Poupança é investimento?

Antes de falar sobre os tipos de investimentos, vamos conversar um pouco sobre a caderneta de poupança. Afinal, ela pode ser considerada um investimento?

A resposta é sim. Porém, nenhum bom investidor coloca seu dinheiro nela, e a gente explica o porquê.

O rendimento da caderneta funciona da seguinte forma: se a Selic estiver menor ou igual a 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da Selic mais a TR (Taxa Referencial). Se a Selic estiver acima de 8,5% ao ano, ela tem rentabilidade fixa: 0,5% mais a TR.

Hoje (09/2020) a taxa referencial está em 0 e a Selic em 2% ao ano. Isso significa que a poupança está rendendo cerca de 1,4% ao ano, menos que a inflação esperada para o período, que é de 1,63%.

Em outras palavras, por mais que o montante final do investidor aumente com os juros, seu poder de compra acaba sendo menor do que antes.

Outra desvantagem dessa aplicação é a forma de rendimento. Apesar de ter alta liquidez, a poupança não rende por dia, e sim por mês. Na prática, se você aplicar o dinheiro no dia 1º, os juros só serão adicionados 30 dias depois. Se você resgatar o valor antes disso, não conseguirá qualquer rentabilidade.

Apesar de tudo isso, oito em cada dez brasileiros ainda colocam dinheiro na poupança, segundo um estudo da Anbima. Isso é reflexo do baixo nível de educação financeira da maior parte da população. Muita gente não conhece outros tipos de aplicações de baixo risco e tem medo de perder dinheiro, preferindo o conforto e a comodidade da caderneta.


Quais são os tipos de investimentos?

Depois de descobrir o seu perfil de investidor, é hora de ficar de olho nos tipos de investimento. Mas antes, para ajudar você a entender como eles funcionam, confira um mini glossário com os conceitos básicos desse universo.

Juros compostos: aplicação de juros sobre juros. Significa que os rendimentos são calculados sobre os ganhos de todos os períodos anteriores e não apenas sobre o montante inicial aplicado.

Taxa de juros: a porcentagem de juros que um investimento rende;

Risco: chance de um investimento gerar prejuízo.

Liquidez: facilidade de resgatar o investimento. Enquanto alguns só podem ser resgatados no vencimento (baixa liquidez), outros podem ser retirados a qualquer momento (alta liquidez).

Rentabilidade: capacidade de retorno de um ativo, ou seja, quanto você vai ganhar com o dinheiro aplicado em um produto financeiro.

Prazo: data de vencimento de um ativo, data em que o investimento chega ao fim e o dinheiro volta ao investidor com todos os rendimentos.

Aporte: ato de investir uma quantia de dinheiro em um produto financeiro. Se for uma aplicação feita todo mês no mesmo investimento, é chamado aporte mensal.

Taxas: valores cobrados pelas instituições financeiras para a administração, gestão ou manutenção do investimento. Alguns ativos são isentos de taxas, outros não.

Volatilidade: quanto o comportamento de uma aplicação pode mudar. Baixa volatilidade quer dizer que um ativo é mais estável; alta volatilidade significa maior frequência e intensidade das variações de preço.

Agora que você já conhece os termos mais usados pelos investidores, vamos aos tipos de investimento. Para quem está começando a investir, é importante conhecer os principais grupos de investimentos: renda fixa, ações e fundos de investimentos.


Renda fixa

Na renda fixa, a rentabilidade é definida no momento aplicação. Em geral, esse tipo de investimento pode remunerar de duas formas: seguindo uma taxa de juros prefixada ou acompanhando indicadores econômicos, como a Taxa Selic e o IPCA (Índice de Preços para o Consumidor Amplo).

A maior vantagem desses ativos é o baixo risco. Outro benefício é que as corretoras de investimentos ou bancos não costumam cobrar taxas nessas aplicações. Por outro lado, a rentabilidade costuma ser menor que as de investimentos mais arrojados.

Para começar a investir em qualquer uma delas, basta criar uma conta em uma corretora de investimentos. No caso de letras de crédito e CDBs é possível investir pelos próprios bancos, mas é aconselhável fugir das grandes instituições, pois os rendimentos costumam ser baixos.


Tesouro Direto

O Tesouro Direto é um programa do Governo Federal que vende títulos da dívida pública para arrecadar recursos para financiar suas operações. Ao comprar esses títulos, você empresta dinheiro para o governo e recebe de volta com juros no momento do resgate. Por ser garantido pelo Tesouro Nacional, é o tipo de investimento mais seguro do mercado.

A forma de remuneração depende do tipo de título que você compra. São três modalidades:

1. Tesouro Selic

Título pós-fixado que rende conforme a Taxa Selic, os juros básicos da economia definidos pelo Banco Central. Possui liquidez diária, ou seja, pode ser resgatado a qualquer momento sem prejuízo, mesmo antes do vencimento. Ideal para reserva de emergência ou objetivos de curto prazo.

2. Tesouro Prefixado

Título cuja rentabilidade é definida no momento da compra e continua sempre a mesma, sem seguir nenhum indicador econômico. Ao aplicar nesse ativo, o investidor sabe exatamente quanto vai receber no vencimento, já que o rendimento não varia em hipótese nenhuma.

É indicado para quem não vai precisar mexer no dinheiro até o vencimento, já que o resgate antecipado pode acarretar prejuízos.

Existem dois tipos de Tesouro Prefixado: 
  • LTN (Letra do Tesouro Nacional): tem juros pagos apenas no momento do resgate ou no vencimento.
  • NTN-F (Nota do Tesouro Nacional tipo F): tem juros semestrais, pagos ao investidor a cada seis meses.

Apesar de parecer mais interessante à primeira vista, o NTN-F só é indicado para quem não exerce mais atividade remunerada e precisa de uma renda constante para cobrir suas despesas.

Caso contrário, não costuma valer a pena por causa do Imposto de Renda regressivo. A taxa de IR para resgates feitos no Tesouro Direto em 6 meses é de 22,5%, sendo reduzida gradualmente até chegar a 15% para prazos superiores a 2 anos. 


3. Tesouro IPCA

Os rendimentos do Tesouro IPCA combinam uma taxa prefixada ao IPCA, indicador econômico que define a inflação no país. Por isso, trata-se de uma aplicação que preserva o valor do dinheiro e, ao mesmo tempo, garante sua rentabilidade.

Como costuma ter prazos de vencimento longos, é ideal como alternativa para quem poupa para a aposentadoria.

Assim como o Tesouro Prefixado, o Tesouro IPCA conta com duas variações:
  • NTN-B Princ (Nota do Tesouro Nacional tipo B Principal): tem juros pagos apenas no momento do resgate ou no vencimento.
  • NTN-B (Nota do Tesouro Nacional tipo B): tem juros semestrais, pagos ao investidor a cada seis meses.


CDB

CDBs (Certificados de Depósito Bancário) são títulos que os bancos emitem para captar recursos para financiar suas operações. Ao comprar esses ativos, o investidor empresta dinheiro ao banco emissor, que devolve o montante com juros no momento do resgate ou na data de vencimento.

Um dos maiores benefícios dos CDBs é contar com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), entidade que protege o dinheiro de quem investe em ativos bancários em até R$ 250 mil por CPF e instituição financeira.

Isso significa que, se o banco emissor quebrar, você receberá de volta o valor aplicado (sem os juros), com um limite de R$ 250 mil.

Esse tipo de investimento também é tributado de acordo com a tabela regressiva do Imposto de Renda. Em caso de resgate em menos de 30 dias, há também a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

A liquidez varia: enquanto alguns deles podem ser resgatados a qualquer momento, outros só podem ser retirados na data de vencimento. Assim como o Tesouro Direto, o CDB pode ser de três tipos, que funcionam de forma bem parecida:
  • Prefixado: com taxa de juros definida no momento da aplicação, sem acompanhar indicadores financeiros.
  • Pós-fixado: com rentabilidade atrelada a um índice econômico — geralmente o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que segue de perto Taxa Selic.
  • Híbrido: conta com uma parcela da rentabilidade prefixada e outra atrelada ao IPCA, indicador da inflação no país.

LCI e LCA

A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) é um investimento de renda fixa isento de Imposto de Renda no qual o investidor empresta dinheiro para que os bancos ofereçam crédito imobiliário aos seus clientes.

A LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) funciona da mesma maneira, com a diferença que o crédito é concedido para empresas do agronegócio.

Por serem ativos bancários, ambos contam com a proteção do FGC. Seus tipos seguem o mesmo modelo de remuneração das outras aplicações, podendo ser prefixados, pós-fixados ou híbridos.

Na maioria dos casos, as LCI's e as LCA's têm baixa liquidez, podendo ser resgatadas apenas na data de vencimento.


CRI e CRA

Outra forma de investir em ativos de renda fixa do setor imobiliário e do agronegócio são os Certificados de Recebíveis.

O CRI, Certificado de Recebíveis Imobiliários, é um título com lastro em fluxos de pagamentos de aluguéis ou de aquisição de imóveis. Já no CRA, Certificado de Recebíveis do Agronegócio, o dinheiro aplicado é destinado a esse setor.

Na essência, eles são bem parecidos com a LCI e a LCA, inclusive no fato de também serem isentos de Imposto de Renda.

A principal diferença é que ao comprar um Certificado de Recebível você não empresta dinheiro a um banco, e sim para uma empresa securitizadora, que reúne o valor que você investiu ao de outros investidores para financiar as operações.

Por não serem ativos bancários, esses títulos não são cobertos pelo FGC. Ou seja, possuem um risco maior, indicado para investidores com perfil moderado. Em contrapartida, os prazos são menores, a liquidez é melhor e a rentabilidade costuma ser maior.

Outro ponto importante é que maioria das LCIs e LCAs são atreladas à Taxa Selic, enquanto os CRIs e CRAs costumam ser prefixados ou acompanhar a inflação, sendo mais vantajosos em momentos de queda da taxa de juros.


Debêntures

Debêntures são títulos de renda fixa emitidos por empresas privadas para conseguir recursos para financiar seus projetos. A lógica é a mesma dos outros ativos que conhecemos até aqui: você empresta o dinheiro para a empresa e recebe de volta com juros pelo tempo que ele ficou investido.

A debênture não é um ativo bancário, por isso não é coberta pelo FGC. As debêntures incentivadas, que financiam obras de infraestrutura, não têm incidência de Imposto de Renda.

Normalmente, o valor aplicado só pode ser resgatado no vencimento, que costuma ser de médio a longo prazo (por volta de 6 anos). As debêntures também podem ser prefixadas, pós-fixadas ou híbridas.

Existem quatro tipos de debêntures:
  • simples: modalidade mais comum, que entrega uma rentabilidade com juros no vencimento;
  • conversíveis: podem ser transformados em ações da empresa emissora no vencimento ou em outro período pré-determinado;
  • permutáveis: permitem que o investidor troque os títulos por ações de outra empresa;
  • incentivadas: emitidas por empresas que realizam projetos de infraestruturas públicas, como estradas, aeroportos e ferrovias, e por isso contam com isenção de IR.

Ações

Ações são ativos de renda variável que representam uma pequena parte do valor de mercado de uma empresa.

Quando um investidor compra uma ação, ele passa a ser sócio da companhia que emitiu o título, ganhando direito a receber parte dos seus lucros. A empresa, por sua vez, se beneficia obtendo recursos para realizar seus projetos.

Ao contrário da renda fixa, na renda variável o investidor não sabe quanto vai ganhar com a aplicação: a rentabilidade varia de acordo com as oscilações do mercado que são influenciadas por fatores diversos, como a economia do país, a economia internacional ou as projeções para a própria empresa. Se o desempenho da companhia for bom, os acionistas lucram; se ela tiver prejuízos, os acionistas também têm.

Devido à alta volatilidade, estas aplicações apresentam mais risco, mas também oferecem a possibilidade de obter rendimentos bem maiores que os da renda fixa. Lembrando que aqui não existe garantia do FGC.


IPO e a Bolsa de Valores

Quando uma empresa deseja colocar suas ações à venda pela primeira vez, ela realiza a sua abertura de capital por meio de um movimento chamado IPO (Initial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial). A partir daí, ela passa a ser listada na Bolsa de Valores e pode ter seus ativos negociados no mercado financeiro. A bolsa de valores brasileira é chamada B3.

Para investir em ações é preciso abrir conta em uma corretora. Por lá, você pode ter acesso ao Home Broker, plataforma de negociação de ações, investir em uma carteira sugerida pela própria corretora ou buscar fundos de ações com cotas disponíveis para venda.

Uma das principais formas de acompanhar o mercado e entender onde estão as melhores oportunidades é observar o Ibovespa, o índice da B3. Ele funciona como um termômetro dos ativos negociados na Bolsa, permitindo que os investidores entendam o comportamento do mercado e tomem as melhores decisões ao montar sua carteira de ações.


Como ganhar dinheiro com ações

Para ter sucesso com ações, é preciso saber como lucrar com elas Confira as principais formas de ganhar dinheiro com esse tipo de investimento:
  • Valorização e queda: observar as oscilações do mercado para comprar e vender ações na hora certa é a forma mais conhecida de ganhar dinheiro na Bolsa. Alguns investidores, inclusive, se especializam em day trade, a prática de comprar e vender um ativo no mesmo dia. Para isso funcionar, eles precisam ficar atentos às variações a todo momento.
  • Dividendos: consistem na distribuição de lucros feita periodicamente aos acionistas. Muitos investidores, ao contrário dos day traders, priorizam ações de empresas que pagam bons dividendos, não se concentrando tanto em ganhar com as altas e quedas dos valores dos títulos.
  • JCP (Juros sobre Capital Próprio): assim como os dividendos, são um tipo de provento distribuído pelas empresas, com a diferença de ser independente do lucro gerado pela companhia. Além disso, por ser registrado como despesa, a organização ganha isenção fiscal, podendo aumentar a quantia repassada ao acionista.

Tipos de ações

Uma das formas de classificar as ações é levando em conta o que elas oferecem ao investidor:
  • Ações ordinárias (ON): dão poder de voto ao investidor, permitindo que ele tenha voz nas decisões da empresa, além de pagar dividendos.
  • Ações preferenciais (PN): o investidor recebe uma fatia maior dos lucros da empresa e ganha o direito de receber proventos antes dos outros acionistas. Porém, não há poder de voto nas assembleias.
  • Units: pacotes de ações compostos por ativos de diferentes tipos, como duas ordinárias e duas preferências. Costumam ter boas chances de valorização e garantem o recebimento de proventos.

Outro tipo de classificação considera o tamanho da empresa emissora e o volume financeiro que ela movimenta na Bolsa de Valores:
  • Blue chips: títulos emitidos por grandes empresas, que movimentam altos valores na B3, como Petrobrás, Banco do Brasil, Ambev e Vale. Costumam ser mais seguros e ter maior liquidez, por causa da facilidade de comprar e vender.
  • Mid Caps: ações de empresas de médio porte, que movimentam valores expressivos, mas inferiores aos das blues chips. Em muitos casos, têm um potencial de valorização maior que ações de grandes companhias.
  • Small Caps: ativos de empresas de menor capitalização. São conhecidas como ações baratas e de alto risco, que podem trazem tanto grandes lucros como grandes prejuízos. Por serem emitidas por companhias menos conhecidas, possuem menor liquidez, já que a quantidade de interessados na compra é menor.


Custos para investir em ações

Ao aplicar em ações, é preciso ficar atento aos custos desse tipo de investimento. Além dos impostos pagos ao governo, existem três tipos de taxas:
  • Taxa de custódia: é cobrada mensalmente pelas corretoras e serve para cobrir os gastos da empresa junto à B3. Algumas corretoras não aplicam essa taxa.
  • Taxa de corretagem: cobrada pelas corretoras por cada transação de compra e venda de ações na Bolsa. Pode ser fixa ou uma porcentagem sobre o valor da transação. Algumas corretoras não aplicam essa taxa.
  • Emolumentos: taxas fixas cobradas pela B3 por transação. Os valores variam de acordo com o tipo de operação, o tipo de investidor e o valor investido.


Fundos de investimentos

Fundo de investimento é um tipo coletivo de aplicação, que reúne o dinheiro de vários investidores com perfis parecidos.

A soma dos aportes de cada investidor forma o patrimônio do fundo, que é administrado por um gestor de investimentos. O papel desse profissional é alocar o capital dos participantes de modo a obter a melhor rentabilidade possível para todos.

Nas corretoras, os fundos são divididos e comercializados em cotas. Assim, se um investidor deseja aplicar R$ 80 mil e um fundo com cotas que custam R$ 10, terá que comprar 8 mil cotas.


Taxas dos fundos de investimentos

Contar com um gestor especializado para decidir onde o seu dinheiro será investido tem um custo, quem vem em forma de taxas nos fundos de investimentos. As principais são:
  • Taxa de administração: é o pagamento pelo trabalho do gestor de fundos. É uma porcentagem anual aplicada sobre o total investido (capital + rendimentos).
  • Taxa de performance: taxa prevista em fundos de investimentos que acompanham índices econômicos, como o CDI, a Taxa Selic ou o IPCA. Caso o gestor obtenha rendimentos que superem esses índices, ganha um valor adicional pelo bom desempenho.
  • Taxa de saída: essa taxa é normalmente cobrada por fundos mais antigos e pode ser considerada abusiva. Ela incide sobre a saída do cotista do fundo, seja ela por conta de resgate seja por portabilidade.
  • Taxa de carregamento: também cobrada por fundos mais antigos e considerada abusiva. É cobrada sempre é feito um novo aporte.


Tipos de fundos de investimentos

Existem diversos tipos de fundos de investimentos, destinados a diferentes perfis de investidores. Conheça os principais a seguir.
  • Fundos de renda fixa: são fundos em que pelo menos 80% do patrimônio do grupo deve ser aplicado em ativos de renda fixa, como o Tesouro Direto e ativos bancários. Entre os mais populares está o Fundo DI, que acompanha a variação da Taxa DI do mercado interbancário.
  • Fundos de ações: buscam alocar pelo menos 67% dos seus recursos em ações. São ideais para quem quer começar a investir na Bolsa de Valores, pois é uma forma de experimentar a renda variável com a ajuda de um profissional especializado.
  • Fundos de Investimentos Imobiliários (FII): são fundos de renda variável que aplicam em imóveis, títulos do mercado imobiliário e categorias específicas de empreendimentos (escritórios, shoppings, hospitais, escolas, etc). Se tornaram muito populares por distribuírem rendimentos de aluguéis, gerando uma renda mensal ou semestral ao investidor.
  • Fundos multimercado: contam com múltiplos ativos em sua carteira, combinando renda fixa e variável para obter os melhores rendimentos para investidores moderados ou arrojados. Por conta da variedade de opções, o gestor tem mais liberdade para alocar os recursos e ir atrás de rendimentos mais satisfatórios para o grupo.
  • Fundos cambiais: aplicam pelo menos 80% do patrimônio do grupo em moeda estrangeira. Os mais comuns são os que investem no dólar americano. São ideais para quem planeja viajar para o exterior e quer se proteger de uma possível alta na cotação.
  • Fundos de ouro: aplicam pelo menos 80% do patrimônio do grupo em reservas de ouro. Como o ouro se mantém positivo em relação a outros ativos, mesmo em tempos de crise, é uma alternativa muito procurada pelos investidores para diversificar a carteira.
  • ETFs (Exchange Traded Fund): também conhecidos como fundos de índices, são fundos que acompanham a performance de indicadores de referência, como o Ibovespa..
  • Fundos de previdência privada: são o destino de quem poupa com foco na aposentadoria ou em projetos de médio e longo prazo. Podem ser fundos de renda fixa ou multimercado.
  • FOFs (Founds of Founds): nesta opção, você pode colocar o seu dinheiro em diversos fundos ao mesmo tempo com uma única aplicação. É uma forma interessante de acessar simultaneamente diversos fundos de renda fixa, ações, multimercado, entre outros.
  • FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Créditos): também chamado de Fundo de Recebíveis, é um fundo de renda fixa baseado em dívidas de clientes com empresas pelo pagamento a prazo, como cheques e parcelas do cartão de crédito. Quando o cliente efetua o pagamento, o dinheiro vai para o investidor (com juros), ao invés de ir para a empresa.


Outros tipos de investimentos

Apesar de a renda fixa, as ações e os fundos de investimentos serem as alternativas mais conhecidas do mercado, a variedade não para por aí. Existem diversos instrumentos negociados em bolsas de valores disponíveis para investidores, como câmbio, derivativos, contratos futuros, contratos a termo, contratos de índices, mini índices, taxas, mercadorias, dentre outros. Abaixo explicamos as mais populares entre esses: opções e commodities.


Opções

Opções são contratos onde se negocia o direito de comprar ou vender um lote de ações por um preço fixado. Quem compra uma opção ainda não está adquirindo um título da empresa emissora, e sim garantido que poderá fazê-lo no futuro pelo mesmo preço de hoje.

Por exemplo: se você tiver uma opção da Vale e as ações da companhia se valorizarem no futuro, poderá comprá-las pelo preço original e obter os lucros dessa operação.

Esse tipo de investimento faz parte do mercado de derivativos, que se baseia na negociação de contratos que dependem (derivam) de outros ativos.


Commodities

Commodities são matérias-primas produzidas em larga escala e comercializadas no mundo inteiro, como a soja, o milho, a madeira e a água, entre outras.

Elas são negociadas no Mercado Futuro, um ambiente dentro da B3 onde são feitos contratos de compra e venda para uma data futura, conhecidos como contratos futuros. A ideia não é receber o produto final, e sim lucrar com a oscilações dos preços, que mudam diariamente.

Funciona assim: antes mesmo de colher uma plantação, por exemplo, o produtor combina um preço com o comprador hoje para pagamento em uma data futura. Se nesse prazo o preço estiver abaixo do acordado, quem ganha é o vendedor; se estiver acima, o lucro fica com o investidor.


Como começar a investir?

Agora que você já conhece os tipos de investimentos, está pronto para começar a investir. Fique atento às dicas a seguir e prepare-se para começar a fazer o seu dinheiro trabalhar por você.


Por onde investir?

Para começar a investir, basta criar uma conta em uma corretora de valores, instituição financeira que intermedia a compra e venda de títulos financeiros dos seus clientes. Elas contam com plataformas online que tornam as negociações simples e intuitivas, tanto para ativos de renda fixa quanto para ações e fundos.

Como dito anteriormente, para algumas aplicações as corretoras costumam cobrar taxas, como a corretagem e a custódia. No entanto, muitas instituições optam por não repassar esses custos aos clientes, então fique de olho nesse detalhe antes de escolher a sua corretora.

Os grandes bancos também costumam oferecer aos clientes títulos de renda fixa, como CDBs ou letras de crédito, mas, em geral, não é vantajoso investir com eles. Isso porque o rendimento das aplicações costuma ser baixo e as taxas, muitas vezes, ficam acima do mercado.

Se você ainda não se sente confortável em escolher sozinho suas próprias aplicações, pode procurar uma gestora de investimentos. Dependendo da gestora é possível investir em fundos ou fazer carteiras de investimento personalizadas. Em ambos os casos os recursos dos investidores são 100% geridos pelos especialistas da gestora.

Outra alternativa para quem quer começar a investir é contratar um agente autônomo de investimentos (AAI), profissional que presta esse auxílio de maneira independente.


Como decidir em que produto investir?

Para decidir em qual produto investir, é necessário levar em conta o seu perfil de investidor e os seus objetivos. Se o seu foco for renda fixa, compare a rentabilidade e a liquidez de cada aplicação, de acordo com as suas necessidades.

Quando se trata de ações, há mais riscos e análises em jogo, o que requer um critério maior. Na hora de investir em ações, existem dois métodos úteis para decidir qual ativo escolher:
  • Análise fundamentalista: toma como base a performance da empresa, levando em conta seus dados contábeis, gerenciais e de mercado. Ao avaliar um ativo observando esses fundamentos, é possível identificar oportunidades e estimar se ele vai ou não se valorizar a longo prazo.
  • Análise técnica: identifica padrões de comportamento para apontar tendências com base em gráficos, ferramentas, cálculos e projeções. Especialistas em day trade costuma usar muito essa abordagem em suas negociações diárias.

Seja quais forem as suas preferências e o seu método de avaliação, lembre-se sempre: o bom investidor não coloca todo o seu dinheiro em apenas uma ou duas aplicações, e sim em várias.

É aí que entra o conceito de carteira de investimentos, que nada mais é que a composição as suas aplicações. Para construí-la do jeito certo, é preciso contar com um portfólio equilibrado e diversificado de ativos.

Dessa forma, você minimiza os riscos de ter grandes prejuízos, já que os ganhos de uma aplicação podem te proteger das perdas de outra.


Como saber se um investimento é seguro?

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é a entidade que garante a segurança dos investimentos no Brasil. O órgão tem o intuito de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários, ou seja, títulos financeiros e contratos de investimento coletivo.

Entre os valores mobiliários passíveis de fiscalização estão:
  • ações;
  • debêntures;
  • certificados de depósito de valores mobiliários;
  • cotas de fundos de investimentos;
  • contratos futuros, de opções ou de outros derivativos;

Como aprender mais sobre investimentos?

Investir requer conhecimento, por isso é necessário estar sempre buscando novas fontes de informações para se aperfeiçoar como investidor e tomar as melhores decisões. Uma sugestão é buscar canais de finanças no YouTube, ler alguns livros sobre investimentos e conversar com amigos que entendam do assunto.

Os cursos oferecidos pela Bolsa de Valores são uma das melhores formas aprender mais sobre esse universo.

Neles, é possível conhecer conceitos técnicos do mercado financeiro e aprender a identificar as melhores oportunidades. Tudo isso com a vantagem de os conteúdos serem acessíveis e destinados aos diferentes perfis de investidores.

Agora que você já conhece o básico sobre investimentos e como eles funcionam, é hora de colocar o que aprendeu em prática.