Mostrando postagens com marcador INVESTI. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador INVESTI. Mostrar todas as postagens

31 de out. de 2023

Trust ou Offshore: qual estrutura é melhor para investir no exterior?

Ambas as estruturas oferecem proteção e planejamento patrimonial no exterior, mas diferem no crucial: a finalidade da alocação


A nova tributação de investimentos no exterior em discussão no Congresso Nacional pode mudar a dinâmica de aplicações de brasileiros lá fora, mas não acabar com a prática de vez. Segundo especialistas consultados pelo InfoMoney, a decisão de criar ou não uma offshore ou trust irá variar caso a caso. Mas, qual estrutura é a melhor?

Os investimentos diretos no exterior por brasileiros somavam US$ 474,1 bilhões em 2021, segundo os dados mais recentes do Banco Central (BC), divulgados em março de 2023. Trata-se do maior valor já registrado e representa um avanço de 5,8% em relação a 2020.

Os paraísos fiscais – países que têm vantagens tributárias para pessoas físicas e empresas – são os principais destinos deste capital. Conforme os dados do BC, dentre os cinco países que detêm o maior volume financeiro vindo do Brasil, três são paraísos fiscais: Ilhas Cayman, Ilhas Virgens Britânicas e Bahamas.

O trio somou 46,2% do total registrado de investimentos de brasileiros no exterior em 2021, equivalente a US$ 199,76 bilhões. Grande parte desse dinheiro está alocado em empresas offshore chamadas de PIC (Private Investment Company), sediadas nesses países.

“Existe um preconceito muito grande no Brasil com empresas offshore e paraísos fiscais porque são estruturas que foram utilizadas para atividades ilegais”, diz Alexandre Arregui, advogado especialista em Planejamento Patrimonial e Sucessório. “Mas não é ilegal ou ilícito ter uma offshore, desde que se cumpra as regras da Receita Federal.”

Segundo Arregui, atualmente existe um intercâmbio de informações entre países muito maior do que no passado, de modo que há mais transparência e confiança em manter uma empresa no exterior para usufruir de vantagens tributárias.

Mas não são somente os impostos baixos ou nulos que são atrativos em empresas offshore. A companhia sediada no estrangeiro também oferece blindagem e proteção patrimonial contra riscos políticos e cambiais, além de mais facilidade para o planejamento sucessório de bens.

Uma PIC pode ser constituída por uma pessoa física ou jurídica para fazer negócios e/ou investir no exterior. É possível investir em Bolsa (ações, fundos, REITs, renda fixa), imóveis (patrimônio físico), private equity (startups) e outros bens, como peças de arte, veículos de luxo e outros.


Trust

Outra estrutura para gestão de patrimônio no exterior que é bastante associada às offshore é a trust. A trust é um acordo em que o dono do patrimônio passa os seus bens para uma terceira pessoa administrar segundo regras previstas em contrato.

Trust não é um investimento e não tem como função principal ser uma estrutura para investimento. Essencialmente, a trust é constituída para planejamento patrimonial. O acordo é firmado entre três partes:
  • O dono do patrimônio (settlor) que institui a trust;
  • Administrador e distribuidor dos bens (trustee);
  • Beneficiários (beneficiary)

Ao firmar uma trust, o dono do patrimônio concede os seus bens para o trustee e deixa de ter controle sobre o patrimônio. Se a trust estabelecida for revogável, é possível retomar a posse dos bens no prazo determinado em contrato. Porém, se for irrevogável, somente os beneficiários terão direito àquele patrimônio.

“Esta é uma diferença crucial entre trust e PIC. Ao firmar a trust, você concede o controle dos seus bens ao trustee, que irá gerir segundo as regras do acordo. Na PIC, você ainda é dono e tem todo o controle do patrimônio daquela empresa”, diz Alessandro Fonseca, sócio de Gestão Patrimonial, Família e Sucessões do Mattos Filho.

Por ser um contrato firmado entre o settlor e o trustee, a trust possui muita flexibilidade em relação às suas cláusulas. É possível estabelecer uma série de regras em relação à administração do patrimônio. Por isso, o uso mais comum é para o planejamento sucessório.

“É possível colocar regras para distribuição aos beneficiários. Porcentagem para cada um, idade ou outra imposição para liberar os bens, pagamento de rendimentos mensais. São muitas opções que a legislação brasileira não concede”, diz Siqueira, da Portofino.


Custos e impostos

Offshores e Trusts são concebidos em paraísos fiscais para ter vantagens tributárias. Segundo a legislação brasileira, paraísos fiscais são países que não tributam a renda ou que têm impostos inferiores a 20% – valor menor do que o teto do Imposto de Renda brasileiro, de 27,5%.

As Ilhas Virgens Britânicas, um dos paraísos fiscais listados pela Receita Federal, não cobram nenhum imposto sobre renda, ganhos de capital, herança e doações. A única cobrança é uma taxa anual do governo, a partir de US$ 925 (R$ 4,45 mil).

Para brasileiros que têm PICs, atualmente, os lucros são tributados apenas quando distribuídos ou creditados, no exterior ou no Brasil. Se não há movimentação ou o lucro é reinvestido, o valor fica livre de imposto. Entretanto, está em tramitação no Congresso um projeto de lei que visa mudar essa forma de tributação.

No caso da trust é mais complicado. A trust não está prevista na legislação brasileira. Ela é uma estrutura de países que herdaram as leis anglo-saxônicas, enquanto o Brasil importou as regras romanas. Existem projetos de lei com propostas de regulamentação, mas, atualmente, não há um entendimento jurídico definido.

Isso gera insegurança em relação à tributação aplicável no momento da distribuição do patrimônio para os beneficiários. Segundo Fonseca, há duas possíveis leituras jurídicas: como herança, em que o imposto pode incidir em até 8% (a depender do estado); ou como renda, com cobrança de até 27,5% de imposto pela Receita Federal.

Em termos de custos iniciais, abrir uma trust ou uma offshore varia entre 50% e 100% do valor da manutenção anual. Já as anuidades variam entre US$ 2 mil e US$ 4 mil para uma PIC e de US$ 10 mil a US$ 15 mil para uma trust.


Offshore ou Trust?

Fonseca, do Mattos Filho, afirma que uma trust não é a melhor estrutura para quem está interessado somente em investir no exterior. “É uma estrutura cara de se manter, muita complexa de instituir e que oferece riscos para quem está no Brasil, porque não tem uma regulamentação própria”, diz.

Se o objetivo é investir no exterior, entre trust e offshore, Fonseca afirma que a segunda é uma escolha mais adequada, mas ressalta que somente vale a pena se o tamanho do patrimônio puder arcar com os custos e ainda assim obter lucro.

Segundo o relatório do Banco Central, cerca de 70% das pessoas que fazem investimento direto no exterior detêm entre US$ 1 milhão e US$ 10 milhões de patrimônio. Os especialistas indicam que o valor mais adequado seria a partir de US$ 500 mil (R$ 2,4 milhões).

Atualmente há contas internacionais que permitem um acesso amplo a investimentos internacionais para valores de patrimônio menores”, diz Fonseca. “A estrutura de offshore faz sentido para volumes financeiros muito altos e outras formas de patrimônio, como imóveis.


Mudança nos impostos

Aprovado na semana passada pela Câmara dos Deputados, o projeto de lei dos fundos exclusivos e offshores (PL 4.173/23) deve mudar a tributação desses investimentos. Para virar, o texto ainda deverá passar pelo Senado e, depois, por sanção Presidencial.

Entre as propostas voltadas para offshores, está a mudança da cobrança apenas na distribuição de lucros para um recolhimento anual (come-cotas), com alíquota fixa de 15%.

Estará sujeita à mesma alíquota a variação cambial do investimento que for trazido para o Brasil quando a aplicação for liquidada. Ou seja, quando o capital principal do investimento voltar para o Brasil e for convertido para reais, o investidor terá que pagar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) da conversão e os 15% da variação cambial sobre o investimento.

Outra mudança será na introdução do conceito de renda passiva para classificar as offshores que se enquadram para aplicação do imposto. O texto prevê que as PICs que tenham mais de 40% do seu lucro em renda passiva (juros, dividendos, royalties, aluguéis, ganhos de capital e outros) estarão sujeitas à nova tributação.

Nem todas as offshores poderão ter o mesmo tratamento. Pelo texto aprovado na Câmara, apenas as PICs com sede em paraísos fiscais passariam a ser obrigadas a entregar balanço seguindo as regras de contabilidade brasileiras. As demais, sediadas em outros países, poderiam continuar acompanhando a norma local.

“É uma medida importante, porque existem casos de países que têm normas muito diferentes das brasileiras. Como a maioria das offshores está sediada em paraísos fiscais, grande parte dos balanços vai ter que seguir a contabilidade brasileira”, explica Leonardo Freitas de Moraes e Castro, advogado e sócio do VBD Advogados.

O PL segue para análise do Senado Federal. Se aprovado por lá e for sancionado pela Presidência, a nova tributação teria efeito a partir de 1º de janeiro de 2024, com aplicação da declaração de imposto de renda de 2025. Para antecipar a arrecadação, a proposta prevê uma alíquota menor, de 8%, para atualização dos ganhos até aqui.

No caso das trusts, o PL 4.173/23 não traz grandes mudanças. No entanto, Castro aponta que as mudanças gerais serão aplicadas também a esses veículos, incluindo alíquota de 15%, a variação cambial para repatriação dos valores e a taxa de 8% para atualização dos bens.


3 de nov. de 2022

Guia para Investimento Verde

O que é investimento verde?

O investimento verde procura apoiar práticas empresariais que tenham um impacto favorável no ambiente natural. Frequentemente agrupados com critérios de investimento socialmente responsável (SRI) ou ambientais, sociais e de governação (ESG) , os investimentos verdes centram-se em empresas ou projetos comprometidos com a conservação dos recursos naturais, a redução da poluição ou outras práticas empresariais ambientalmente conscientes. Os investimentos verdes podem enquadrar-se no âmbito do SRI, mas são mais específicos.



Alguns investidores compram títulos verdes, fundos negociados em bolsa (ETFs) verdes, fundos de índice verdes, fundos mútuos verdes ou detêm ações em empresas amigas do ambiente para apoiar iniciativas verdes. Embora o lucro não seja o único motivo para esses investidores, há algumas evidências de que o investimento verde pode imitar ou superar os retornos dos ativos mais tradicionais.


PRINCIPAIS CONCLUSÕES
  • O investimento verde refere-se a atividades de investimento alinhadas com práticas empresariais amigas do ambiente e com a conservação dos recursos naturais.
  • Os investidores podem apoiar iniciativas verdes comprando fundos mútuos verdes, fundos de índice verdes, fundos negociados em bolsa (ETFs) verdes, títulos verdes ou mantendo ações em empresas amigas do ambiente.
  • Os investimentos ecológicos puros são investimentos em que a maior parte ou todas as receitas provêm de atividades verdes.
  • Embora o lucro não seja o único motivo, há evidências de que o investimento verde pode rivalizar com os retornos dos ativos mais tradicionais.
  • Uma vez que a marca não é suficiente para confirmar o compromisso com iniciativas verdes, os investidores devem realizar pesquisas exaustivas para garantir que uma empresa adere aos padrões desejados.

Compreendendo o investimento verde

Os investimentos verdes puros são aqueles que obtêm a totalidade ou a maior parte das suas receitas e lucros de atividades empresariais verdes. Os investimentos verdes também podem referir-se a empresas que têm outras linhas de negócios, mas se concentram em iniciativas ou linhas de produtos de base verde.

Existem muitos caminhos potenciais para as empresas que buscam melhorar o meio ambiente. Algumas empresas verdes estão envolvidas na investigação de energias renováveis ​​ou no desenvolvimento de alternativas ecológicas aos plásticos e outros materiais. Outros podem procurar reduzir a poluição ou outros impactos ambientais das suas linhas de produção.

Como não existe uma definição firme do termo “verde”, o que se qualifica como um investimento verde está aberto a interpretações. Alguns investidores querem apenas opções puras, como combustíveis renováveis ​​e tecnologias de poupança de energia. Outros investidores investem dinheiro em empresas que têm boas práticas comerciais na forma como utilizam os recursos naturais e gerem os resíduos, mas também obtêm as suas receitas de múltiplas fontes.


Tipos de investimento verde

Existem várias maneiras de investir em iniciativas de tecnologia verde. Embora antes consideradas arriscadas, algumas tecnologias verdes conseguiram gerar grandes lucros aos seus investidores.


Ações verdes

Talvez a forma mais simples de investimento verde seja comprar ações de empresas com fortes compromissos ambientais. Muitas novas startups procuram desenvolver energias e materiais alternativos, e mesmo os intervenientes tradicionais estão a fazer apostas consideráveis ​​num futuro com baixas emissões de carbono. Algumas empresas, como a Tesla ( TSLA ), conseguiram atingir avaliações multibilionárias ao visarem consumidores ambientalmente conscientes.


Títulos verdes

Uma segunda via é investir em títulos verdes. Por vezes conhecidos como obrigações climáticas, estes títulos de rendimento fixo representam empréstimos para ajudar bancos, empresas e organismos governamentais a financiar projetos com um impacto positivo no ambiente. De acordo com a Climate Bonds Initiative, aproximadamente 1,1 biliões de dólares em novos títulos verdes foram emitidos em 2021. Esses títulos também podem vir com incentivos fiscais, tornando-os um investimento mais atraente do que os títulos tradicionais.


Fundos verdes

Outra rota é investir em ações de um fundo mútuo, ETF ou fundo de índice que proporcione maior exposição a empresas verdes. Estes fundos verdes investem num cabaz de títulos promissores, permitindo aos investidores distribuir o seu dinheiro numa gama diversificada de projetos ambientais, em vez de numa única ação ou obrigação.

Existem vários fundos mútuos verdes, como o TIAA-CREF Social Choice Equity Fund (TICRX), o Trillium ESG Global Equity Fund (PORTX) e o Green Century Balanced Fund (GCBLX), para citar alguns.5Vários índices também procuram acompanhar empresas ambientalmente favoráveis. Por exemplo, o Índice de Energia Verde NASDAQ Clean Edge e o Índice Global de Energia Solar MAC têm como alvo as indústrias de energia renovável. Os fundos que seguem estes índices investem em empresas de energia renovável, permitindo aos investidores apoiar a nova tecnologia enquanto obtêm um lucro potencial.

Mais de US$ 70 bilhões

A quantidade de dinheiro novo investido em fundos sustentáveis ​​em 2021.

Resultados do Investimento Verde

Outrora considerado um sector de nicho, o investimento verde aumentou depois de vários desastres naturais terem chamado a atenção para a crise climática que se aproximava. A quantidade de dinheiro novo em fundos ESG atingiu mais de 70 mil milhões de dólares em 2021, quase um terço do aumento em relação ao ano anterior.

Embora o lucro não seja o único objetivo do investimento verde, há evidências de que os investimentos ecológicos podem igualar ou superar os lucros dos ativos mais tradicionais. Um estudo de 2022 da Morningstar Inc. relatou “mais um ano de recordes quebrados” entre fundos ambientalmente sustentáveis ​​e o mercado em geral. O estudo também concluiu que os grandes fundos sustentáveis ​​dos EUA “superaram os seus pares tradicionais em 2021, bem como nos períodos seguintes de três e cinco anos”.


Considerações Especiais

Investir em empresas verdes pode ser mais arriscado do que outras estratégias de capital, uma vez que muitas empresas nesta área estão em fase de desenvolvimento, com receitas baixas e avaliações de lucros elevadas. No entanto, se incentivar empresas amigas do ambiente é importante para os investidores, então o investimento verde pode ser uma forma atraente de colocar o seu dinheiro para trabalhar.

A definição de “verde” pode variar de um investidor para outro. Alguns dos chamados fundos verdes incluem empresas que operam nos setores do gás natural ou do petróleo. Embora estas empresas também possam estar a investigar tecnologias de energias renováveis, alguns investidores podem hesitar em investir num fundo associado a empresas de combustíveis fósseis. Os potenciais investidores devem pesquisar os seus investimentos (verificando o prospecto de um fundo ou os registros anuais de uma ação) para ver se a empresa se enquadra na sua definição de verde.

Alguns fundos verdes também podem investir em empresas mais tradicionais, como a General Motors, a Toyota ou mesmo a ExxonMobil. Os investidores ambientalmente conscientes devem ter o cuidado de verificar o prospecto de um fundo para decidir se este se enquadra na sua definição de verde.


Investimento Verde vs. Greenwashing

Greenwashing refere-se à prática de rotular uma empresa ou produto como ecologicamente correto para capitalizar a crescente demanda por sustentabilidade. Embora o marketing verde seja muitas vezes sincero, muitas empresas exageraram o impacto das suas práticas ambientais ou minimizaram os custos ecológicos dos seus produtos.

Por exemplo, algumas empresas exageraram na utilização de materiais reciclados, levando os consumidores a acreditar erradamente que os seus produtos eram mais sustentáveis. Muitas empresas compram compensações de carbono para reduzir as suas pegadas, embora seja difícil verificar o verdadeiro custo das emissões de uma empresa. Num caso mais flagrante, a IKEA foi acusada de utilizar madeira de origem ilegal para alguns dos seus produtos de mobiliário. Para piorar a situação, a madeira foi verificada pelo Forest Stewardship Council, levantando questões éticas sobre o modelo de negócio da rotulagem verde paga por jogo.

No mundo dos valores mobiliários, alguns fundos geridos tentaram fazer uma lavagem verde, reformulando a marca de uma forma que sugere um maior nível de sustentabilidade. A única forma de avaliar a sustentabilidade de um fundo é examinar os seus ativos.


Quais são as melhores ações verdes para comprar?

Embora não exista uma forma infalível de prever os lucros futuros de uma ação, alguns dos investimentos verdes mais bem-sucedidos têm sido no domínio da geração e armazenamento de energia renovável. Por exemplo, o preço das ações da Tesla cresceu mais de dez vezes entre 2018 e meados de 2021. No mesmo período, a LONGi Green Energy Technology da China viu a sua capitalização de mercado aumentar de 11 mil milhões de dólares para quase 70,5 mil milhões de dólares.


Os investimentos verdes são lucrativos?

Embora o lucro não seja o único objetivo do investimento verde, há provas de que os investimentos ecológicos podem igualar ou superar os lucros dos ativos mais tradicionais. Um estudo de 2022 da Morningstar Inc. relatou “mais um ano de recordes quebrados” entre fundos ambientalmente sustentáveis ​​e o mercado em geral. O estudo também concluiu que os grandes fundos sustentáveis ​​dos EUA “superaram os seus pares tradicionais em 2021, bem como nos períodos seguintes de três e cinco anos”.


Como saber se um Fundo Verde é sustentável?

Cada fundo detém um cabaz de títulos, representando uma secção transversal de uma parte maior do mercado. Para determinar se um fundo verde é suficientemente sustentável, os potenciais investidores devem primeiro examinar os títulos listados nos ativos do fundo. Além disso, algumas empresas de pesquisa podem oferecer avaliações independentes, como a classificação de sustentabilidade da Morningstar ou o R-Factor da State Street.


11 de out. de 2022

Desafios para as Finanças Verdes

Embora estejam a ser feitos alguns progressos, o desenvolvimento das finanças verdes ainda enfrenta muitos desafios. Destacamos abaixo cinco tipos de desafios para as finanças verdes e fornecemos alguns exemplos baseados em práticas de país e mercado de como eles foram ou podem ser abordado no setor financeiro. Quatro desses desafios (externalidades, definições verdes, informação e capacidade analítica) são em grande parte específicos para projetos verdes, enquanto o descompasso de maturidade é genérico para a maioria dos projetos de longo prazo.


Diretivas e sinais claros de políticas públicas podem abordar alguns desses desafios, no entanto, respostas políticas fragmentadas em muitos países são uma preocupação fundamental e, às vezes, distrações dos esforços para o desenvolvimento respostas efetivas. Ressalte-se, ainda, que, além dos discutidos neste capítulo, os desafios decorrem de medidas inadequadas de políticas públicas que agravam as externalidades ambientais; no entanto, essas questões precisam ser tratadas separadamente.


Externalidades

O primeiro e mais fundamental desafio é como internalizar de forma adequada e econômica as externalidades ambientais. Tais externalidades podem ser positivas para investimentos verdes, pois seus benefícios se acumulam para terceiros, e negativas quando investimentos poluentes infligem danos a terceiros. As dificuldades em internalizar essas externalidades resultam em subinvestimento em atividades "verdes" e superinvestimento em atividades "marrons". A seguir, são apresentados dois exemplos de externalidades positivas e um exemplo de externalidade negativa:
  • Um projeto de energia renovável pode ter custos de construção mais elevados do que as alternativas convencionais e, na ausência de medidas para internalizar o benefício da redução da poluição, o projeto retorna pode ser demasiado baixo para atrair investimento privado. Alguns países usaram subsídios, crédito fiscal, tarifas de alimentação, sistemas de comércio de emissões (ETSs), padrões de portfólio renovável (RPSs) e regulamentações ambientais para lidar com essas externalidades com diferentes graus de sucesso. Ao mesmo tempo, medidas do setor financeiro, como melhorias e garantias de crédito, empréstimos concessionais, subvenções e bonificações de juros foram experimentadas em alguns países melhorar os retornos ajustados ao risco desses projetos.
  • Um projeto de tratamento de água ou de remediação de terrenos pode melhorar a qualidade de vida de uma comunidade e o valor de mercado dos imóveis residenciais da região. No entanto, sem mecanismos adequados para monetizar algumas dessas externalidades positivas, o projeto pode não produzir retorno suficiente para atrair capital privado. Para resolver esses problemas, alguns países adotaram a abordagem de PPP, que envolve, por exemplo, uma incorporadora imobiliária em um projeto de tratamento de água ou remediação de terras. O retorno excedente do projeto imobiliário (devido à melhoria futura do meio ambiente) é efetivamente usado para compensar os investidores do projeto verde. Modelos de negócios semelhantes têm sido usados em alguns países e regiões para subsidiar projetos de metrô (transporte limpo), combinando-os com projetos de imóveis residenciais e comerciais perto das estações de metrô, pois a primeira aumentaria o valor de mercado da segunda.
  • Algumas empresas transformadoras poluem o ambiente, mas as suas externalidades negativas não são totalmente internalizadas. Por exemplo, se os moradores da região cuja saúde é afetada não estiverem em condições de buscar indenização das empresas poluidoras, isso levaria a um excesso de investimento G20 Green Finance Relatório de síntese e produção em atividades poluentes. Esses casos são mais comuns em países onde os direitos ambientais não estão bem definidos e a capacidade de aplicar políticas ambientais é fraca. Exemplos de ações do setor financeiro para ajudar a mitigar algumas dessas externalidades negativas incluem os Princípios do Equador para financiamento de projetos no setor bancário (ver Capítulo 3) e requisitos de divulgação para as empresas cotadas em bolsa de valores. Em alguns casos, tais externalidades podem ser exacerbadas por "subsídios perversos", como para combustíveis fósseis ou uso de água, que inclinam ainda mais a balança para longe de um igualdade de condições.

Descasamento de vencimentos

A transformação da maturidade entre aforradores que exigem liquidez e projetos de longo prazo que requerem investimento está entre as principais funções do sistema financeiro, em particular através do setor bancário e dos mercados obrigacionistas.

No entanto, o desfasamento de maturidade, devido à oferta inadequada de financiamento a longo prazo em relação à procura de financiamento por projetos de longo prazo, é um desafio comum em alguns mercados e tem às vezes resultava na falta de investimentos em infraestrutura, incluindo projetos de infraestrutura verde. O problema surge devido ao fato de, nestes mercados, o financiamento de projetos de infraestruturas verdes a longo prazo depender fortemente de empréstimos bancários, enquanto os bancos são limitados na concessão de empréstimos suficientes a longo prazo devido a um prazo relativamente curto dos passivos.

O problema do desfasamento da maturidade agrava-se nos casos em que os investimentos verdes são mais dependentes de financiamento a longo prazo do que os investimentos tradicionais nos mesmos sectores. Por exemplo, o custo inicial de construção de um edifício típico de eficiência energética é maior do que um edifício menos eficiente em termos energéticos, um projeto solar ou eólico tem uma porcentagem mais alta de despesas de capital combinadas (CAPEX) e despesas operacionais (OPEX) investidas antecipadamente em comparação com uma usina a carvão. Para estes últimos, uma parte significativa do custo total ao longo da vida seria gasta no pagamento de energia para a sua exploração, que pode ser financiada com prazos mais curtos, enquanto para a construção sustentável e projetos eólicos ou solares, esse não seria o caso.

Exemplos de inovações do setor financeiro que podem ajudar a enfrentar esse desafio incluem títulos verdes, fundos de investimento em infraestrutura verde ("yieldcos") e empréstimos com garantia.


Falta de clareza nas finanças verdes

Em muitos países e mercados, a falta de clareza sobre o que constitui atividades e produtos de finanças verdes (como empréstimos verdes e títulos verdes) pode ser um obstáculo para investidores, empresas e bancos que buscam identificar oportunidades de investimento verde. Sem definições adequadas de finanças verdes, que são a base para o orçamento interno, contabilidade e medição de desempenho para instituições financeiras, é difícil para alocar recursos financeiros para projetos e ativos verdes. Além disso, a falta de clareza também pode impedir os esforços de gestão de riscos ambientais, comunicações corporativas e desenho de políticas. As definições únicas correm o risco de não refletir adequadamente diferentes contextos e prioridades nos diferentes países ou mercados. Por outro lado, muitas definições – por exemplo, cada empresa financeira define ativos verdes por si só – também podem tornar muito caro para comparação entre instituições e mercados e para o investimento verde transfronteiras.

Exemplos de países que tomaram iniciativas para desenvolver definições nacionais de crédito verde incluem Bangladesh, Brasil e China.


Informação assimétrica

Muitos investidores estão interessados em investir em projetos/ ativos verdes , mas a falta de divulgação de informações ambientais pelas empresas aumenta os "custos de busca" por ativos verdes e, assim, reduz sua atratividade. Por exemplo, se os investidores não têm informações sobre o desempenho ambiental das empresas do seu portfólio (como emissões e consumo de energia e água), eles não podem identificar e financiar proativamente empresas verdes, bem como avaliar e gerenciar riscos ambientais. Além disso, quando a informação ambiental a nível da empresa ou do projeto está disponível, a falta de uma "rotulagem" consistente e fiável dos ativos verdes também constitui uma barreira ao investimento verde. Em alguns países, a segregação da gestão de dados por diferentes agências (por exemplo, dados coletados por reguladores ambientais não são compartilhados com reguladores bancários e investidores) também agrava a assimetria de informação.

Registaram-se alguns progressos na abordagem da assimetria de informação. Por exemplo, mais de 20 bolsas de valores emitiram orientações de divulgação ambiental para empresas listadas e vários países introduziram requisitos obrigatórios de divulgação.

Outro tipo importante de assimetria de informação inclui a falta de informação ou conhecimento dos financiadores sobre a viabilidade comercial das tecnologias verdes, bem como as incertezas políticas sobre investimento verde. Esta falta de informação e incerteza política resulta numa excessiva aversão ao risco por parte dos investidores em relação a projetos no domínio das energias renováveis, dos novos veículos energéticos e das tecnologias de poupança de energia.

As práticas adotadas para resolver esse problema em vários países incluem projetos de demonstração de entidades apoiadas pelo governo (como o Banco de Investimento Verde do Reino Unido) ou Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (MDBs), clareza sobre as perspectivas políticas para o desenvolvimento sustentável (como a Política Nacional de Tecnologia Verde da Malásia e a Visão 2030 do Reino da Arábia Saudita), ancorar investimentos por meio de promoção bancos (por exemplo, investimentos em títulos verdes do KfW da Alemanha), bem como garantias de crédito por agências governamentais (por exemplo, o programa de garantia de empréstimos do Departamento de Energia dos EUA para energia renovável projetos) ou Instituições Financeiras de Desenvolvimento (por exemplo, o programa CHUEE da International Finance Corporation (IFC)).


Capacidade analítica inadequada

A compreensão geral das implicações financeiras dos riscos ambientais pelas instituições financeiras ainda está numa fase inicial. Muitos bancos e investidores institucionais ainda não desenvolveram a capacidade de identificar e quantificar os riscos de crédito e de mercado que podem surgir da sua exposição ambiental, e, portanto, muitas vezes subestimam os riscos dos investimentos "marrons" e superestimam o perfil de risco das oportunidades de investimento verde. Em parte, como resultado, continua a haver um investimento excessivo em projetos poluentes e intensivos em gases com efeito de estufa e um sub-investimento em projetos verdes. Uma melhor compreensão dos riscos ambientais é essencial para uma melhor mitigação dos riscos, permitindo uma internalização mais efetiva das externalidades ambientais na tomada de decisões, e assim, para mobilizar financiamento para o investimento verde.

Exemplos de medidas para capacitar a análise de risco ambiental incluem a modelagem do ICBC do impacto da exposição ambiental no risco de crédito, a análise pela Declaração do Capital Natural sobre o impacto da seca nas obrigações das empresas e a incorporação de fatores ambientais nas notações de risco (por exemplo, a notação de crédito verde recentemente publicadas metodologias da Moody's e Standard & Poor's).




18 de jun. de 2022

O que é financiamento comercial sustentável e o que inclui?

Em resposta às crescentes preocupações com as alterações climáticas e o aquecimento global, as empresas procuram cada vez mais formas de minimizar e mitigar o seu impacto no ambiente.


As empresas estão agora a identificar riscos ambientais, sociais ou de governação (ESG) associados às suas atividades empresariais, tais como a utilização de combustíveis fósseis ou outros bens e serviços poluentes nas suas cadeias de abastecimento.

Ao compreender melhor esses riscos e os seus potenciais impactos na reputação, no crédito e na regulamentação, as empresas podem desempenhar um papel ativo na criação de comércio sustentável e no incentivo a práticas sustentáveis, e podem ajudar na implementação global de políticas e normas de sustentabilidade.


Empréstimo verde

Como o nome sugere, um empréstimo verde é um empréstimo contraído para financiar projetos verdes.

O termo “empréstimo verde” foi introduzido pela primeira vez em março de 2018, quando a Loan Market Association (LMA), sediada no Reino Unido, e vários outros organismos do setor publicaram um relatório conhecido como “Princípios do Empréstimo Verde”.

No relatório, um empréstimo verde é definido da seguinte forma: “O determinante fundamental de um empréstimo verde é a utilização dos recursos do empréstimo para Projetos Verdes (incluindo outras despesas relacionadas e de apoio, incluindo P&D), que devem ser adequadamente descritas no documento financeiro. documentos e, se aplicável, materiais de marketing.

“Todos os Projectos Verdes designados devem proporcionar benefícios ambientais claros, que serão avaliados e, sempre que viável, quantificados, medidos e comunicados pelo mutuário.”

Como tal, os projetos verdes podem referir-se a setores como as energias renováveis, a redução de resíduos e os transportes limpos, e também podem cobrir despesas relacionadas e de apoio, como investigação e desenvolvimento (I&D).

Actualmente, um dos maiores desafios para a indústria do financiamento sustentável é a falta de padrões comuns, e é por isso que a LMA e as suas organizações parceiras publicaram os “Princípios do Empréstimo Verde”, que tentam estabelecer padrões e directrizes de mercado.

Outros organismos industriais, como a Câmara de Comércio Internacional (ICC), também estão atualmente em processo de introdução de um projeto de quadro de normas e definições globalmente aceites para o comércio sustentável e o financiamento do comércio, que abrangeria também os empréstimos verdes.

No setor do financiamento comercial, os principais bancos já estão a emitir empréstimos verdes e o seu número continua a crescer.

Este ano, por exemplo, o UKEF anunciou um empréstimo verde de 430 milhões de libras – o primeiro empréstimo de transição verde apoiado pelo governo à empresa de engenharia e consultoria Wood para aproveitar primeiro novas oportunidades de exportação de crescimento limpo.


Empréstimo vinculado à sustentabilidade

Em 2019, a LMA e várias organizações parceiras publicaram os “Princípios de Empréstimos Vinculados à Sustentabilidade”, no seguimento dos “Princípios de Empréstimos Verdes” mencionados acima.

De acordo com o relatório de 2019, os empréstimos associados à sustentabilidade são definidos como “instrumentos de empréstimo e/ou facilidades contingentes (tais como linhas de obrigações, linhas de garantia ou cartas de crédito) que incentivam o mutuário a atingir objetivos de desempenho de sustentabilidade predeterminados”.

Ao contrário dos empréstimos verdes, um empréstimo ligado à sustentabilidade pode ser emitido para fins não ecológicos, como o financiamento de operações comerciais em geral.

Especificamente, um empréstimo vinculado à sustentabilidade poderia vincular condições como o prazo ou o preço de um empréstimo ao desempenho do mutuário em relação a metas específicas de sustentabilidade.

Como tal, estas metas são geralmente negociadas e acordadas entre o mutuário e o mutuante para cada transação.

E, por último, deve também notar-se que um empréstimo pode ser estruturado utilizando simultaneamente princípios de empréstimo verde e de empréstimo ligado à sustentabilidade.


Financiamento sustentável da cadeia de abastecimento

O financiamento sustentável da cadeia de abastecimento refere-se a práticas e técnicas financeiras que incentivam comportamentos sustentáveis ​​entre as partes de uma transação.

Na prática, o financiamento da cadeia de abastecimento de financiamento sustentável recompensa os fornecedores por integrarem prioridades ESG na sua cadeia de abastecimento.


Carta de crédito de remessa sustentável (SSLC)

Uma carta de crédito de remessa sustentável (SSLC) é um produto de financiamento verde que foi desenvolvido especificamente para financiamento comercial.

Foi lançado pela primeira vez em 2014 pela Corporação Financeira Internacional (IFC) – que faz parte do Grupo Banco Mundial – e pela Banking the Banking Environment Initiative (BEI).

O BEI é um grupo de bancos globais que visa promover um futuro económico mais sustentável.

Foi convocado em 2010 pelo Cambridge Institute for Sustainability Leadership, no Reino Unido, com o objectivo comum de expandir o comércio global de produtos de origem sustentável.

Tal como uma carta de crédito normal, um SSLC permite financiamento com desconto para transações comerciais, mas, ao contrário de uma carta de crédito normal, só é emitido com base em critérios específicos de sustentabilidade.

Para se qualificar para um SSLC, um fornecedor deve fornecer provas de que o seu produto cumpre critérios de sustentabilidade reconhecidos internacionalmente, e isso normalmente é feito sob a forma de um selo de sustentabilidade específico da indústria do fornecedor.

Por exemplo, a primeira utilização de um SSLC foi para um transporte de óleo de palma apoiado por um certificado da Mesa Redonda sobre Óleo de Palma Sustentável (RSPO), que garante que nenhuma floresta ou comunidade foi prejudicada durante a extracção do óleo.


20 de set. de 2020

Investimentos: tudo o que você precisa saber para dar os primeiros passos


O interesse dos brasileiros por investimentos vem aumentando nos últimos anos. Só em 2020, o número de pessoas físicas na Bolsa de Valores teve alta recorde e chegou a 2,24 milhões, mesmo em um período de crise econômica.

No entanto, grande parte dos brasileiros ainda não deu os primeiros passos para começar a investir. Muitos ainda pensam que investimentos são apenas para quem tem muito dinheiro, ou que o único caminho para investir com baixo risco é a poupança, mesmo o rendimento da caderneta estando abaixo da inflação.

Para mostrar que esses mitos estão longe de ser verdade, criamos este guia com tudo o que você precisa saber para começar a investir, do conceito básico aos principais tipos de aplicações.


O que são investimentos?

Investimento é a compra de um produto financeiro com o objetivo de obter lucro no futuro. Esse retorno é possível por conta dos juros pagos pelas instituições emissoras dos títulos de crédito ou pela valorização dos papéis.

Esses produtos podem ser, por exemplo, títulos de renda fixa emitidos por bancos, empresas e pelo próprio governo como forma de capitalização. Ou seja, o dinheiro pago pelos investidores financia atividades dos emissores, como obras ou projetos. Em troca desse “empréstimo”, as instituições pagam juros para os investidores.

É possível investir também em títulos de propriedade das empresas de capital aberto, as chamadas ações. Nesse caso, o lucro pode vir dos dividendos da organização ou da venda dos papéis após um período de valorização, por exemplo. Mas vamos começar pelo mais simples, que são os títulos de renda fixa.

Antes de investir, algumas informações já ficam acordadas entre o emissor e o investidor, como: prazo de resgate, liquidez, alíquota do IR a ser paga e taxa de administração. Fica acordado também qual será a taxa referencial para o papel ou o percentual de juros a serem pagos lá na frente. Uma taxa referencial muito comum é o CDI, Certificado de Depósito Interbancário que está sempre próxima à taxa básica de juros da economia, a Selic.

Já nas aplicações de renda variável, como as ações da bolsa, fica difícil prever qual será a valorização dos papéis com os anos. Ainda assim, existem as chamadas análises fundamentalistas e teóricas que fazem uma boa previsão do que está por vir em termos de rendimento.


Por que investir?

De bate pronto, a resposta para esta pergunta parece simples: ganhar mais dinheiro. Mas ganhar mais dinheiro para quê?

Investir requer estudo e disciplina, por isso é preciso ter objetivos claros ao assumir esse compromisso. Sem essa motivação, há grandes chances de você acabar desistindo e usando o dinheiro para outras finalidades.

Existem diversos motivos para começar a investir, e eles variam de pessoa para pessoa. Pode ser comprar uma casa, um carro, fazer a viagem dos sonhos, um curso muito importante ou até mesmo abrir a própria empresa. Seja qual for a sua meta, ela será fundamental para definir os investimentos que você vai escolher.

Mesmo que você não tenha um objetivo específico, lembre-se de que investir é a melhor forma de planejar o seu futuro. Afinal, quando chegar a hora de se aposentar, dificilmente o dinheiro da Previdência Social será suficiente para manter o seu padrão de vida. Nesse momento, ter uma reserva que gere bons rendimentos fará toda a diferença.


Quando começar a investir?

O ideal é começar a investir o mais cedo possível, pois quanto mais tempo o seu dinheiro ficar aplicado, mais ele renderá. Porém, antes de dar o pontapé inicial, é essencial cumprir dois pré-requisitos.

O primeiro deles é quitar as suas dívidas. A possibilidade de fazer o dinheiro se multiplicar é animadora, mas antes é preciso organizar o seu orçamento, sem pular etapas.

Os juros da dívida geralmente são mais altos que os do investimento, principalmente quando se trata de cartão de crédito e cheque especial. Por isso, livre-se delas assim que possível, mesmo que vá demorar um pouco.

Com as dívidas pagas, vem o segundo pré-requisito: montar uma reserva de emergência. Como o próprio nome diz, essa reserva consiste em uma quantia que você deve ter guardada para imprevistos, como comprar remédios, consertar o carro, para o caso de desemprego ou impossibilidade de trabalhar.

Especialistas indicam que a reserva de emergência cubra 6 a 12 meses das despesas básicas da pessoa.

Portanto, a quantia ideal varia de acordo com o padrão de vida de cada um: para alguém que gasta R$ 4 mil por mês, o valor deve ser de, no mínimo, R$ 24 mil; para quem tem custos de R$ 10 mil por mês, a reserva precisa ter pelo menos R$ 60 mil.

A reserva de emergência deve ser colocada em aplicações de baixo risco que possam ser resgatadas a qualquer momento, como o Tesouro Direto Selic e alguns tipos de CDBs (falaremos mais sobre eles a seguir).

Porém, lembre-se: o foco dessa reserva não é obter altos retornos, e sim garantir a sua segurança financeira. Depois de quitar as dívidas e montar a sua reserva, aí sim será o momento de começar a investir para construir patrimônio.


O que é perfil de investidor?

Para começar a investir, o primeiro passo é saber seu perfil de investidor, também conhecido como suitability. Ele é definido a partir de uma análise comportamental que identifica as suas expectativas em relação aos investimentos, levando em conta fatores como:
  • quanto tempo você pretende deixar o dinheiro investido;
  • qual é a sua tolerância a riscos;
  • quais são seus objetivos financeiros.
Essa avaliação é muito importante para descobrir quais são os investimentos ideais para os seus objetivos, os seus limites de risco e o seu nível de conhecimento sobre finanças, aumentando as suas chances de atingir os resultados que espera.

São três os perfis em que um investidor pode se encaixar:

  • Conservador
Investidores conservadores priorizam aplicações seguras, com baixa chance de perda, ainda que isso implique rendimentos mais baixos. Alguns perfis de investidores conservadores são:
  • Quem tem pouco recurso para investir e não quer correr riscos de perdê-lo;
  • Pessoas que estão começando a investir e ainda têm medo de arriscar;
  • Quem já tem um patrimônio sólido e não tem mais ambição de grandes ganhos;
  • Pessoas que estão próximas de se aposentar e não querem fazer manobras arriscadas com o dinheiro.
Lembrando que os investimentos conservadores e com alta liquidez também são os mais indicados para quem está montando a reserva de emergência.

  • Moderado
O investidor moderado é um pouco mais ousado que o conservador: ele preza pela segurança, mas está disposto a arriscar um pouco mais para obter melhores retornos. Por isso, tem uma carteira de investimentos que equilibra aplicações de alto e baixo risco financeiro.

Normalmente, se encaixam neste perfil pessoas que começaram de forma mais conservadora, ganharam experiência e agora estão mais à vontade para experimentar novas possibilidades ou então investidores que querem diversificar a carteira, mas sem abrir mão de alguma segurança.

  • Arrojado
Investidores com perfil arrojado preferem aplicações que possam gerar mais rentabilidade, mesmo que isso signifique um risco maior. Um investidor arrojado normalmente tem bom conhecimento sobre o mercado financeiro e sabe que eventuais perdas podem ser compensadas a longo prazo, por isso não tem medo de investir em ações e outros produtos de renda variável.

Apesar disso, arrojados sempre colocam parte do seu dinheiro em aplicações mais conservadoras. Elas são essenciais para diversificar a carteira e proteger o patrimônio, minimizando o impacto caso haja alguma perda muito grande com os investimentos mais arriscados.


Poupança é investimento?

Antes de falar sobre os tipos de investimentos, vamos conversar um pouco sobre a caderneta de poupança. Afinal, ela pode ser considerada um investimento?

A resposta é sim. Porém, nenhum bom investidor coloca seu dinheiro nela, e a gente explica o porquê.

O rendimento da caderneta funciona da seguinte forma: se a Selic estiver menor ou igual a 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da Selic mais a TR (Taxa Referencial). Se a Selic estiver acima de 8,5% ao ano, ela tem rentabilidade fixa: 0,5% mais a TR.

Hoje (09/2020) a taxa referencial está em 0 e a Selic em 2% ao ano. Isso significa que a poupança está rendendo cerca de 1,4% ao ano, menos que a inflação esperada para o período, que é de 1,63%.

Em outras palavras, por mais que o montante final do investidor aumente com os juros, seu poder de compra acaba sendo menor do que antes.

Outra desvantagem dessa aplicação é a forma de rendimento. Apesar de ter alta liquidez, a poupança não rende por dia, e sim por mês. Na prática, se você aplicar o dinheiro no dia 1º, os juros só serão adicionados 30 dias depois. Se você resgatar o valor antes disso, não conseguirá qualquer rentabilidade.

Apesar de tudo isso, oito em cada dez brasileiros ainda colocam dinheiro na poupança, segundo um estudo da Anbima. Isso é reflexo do baixo nível de educação financeira da maior parte da população. Muita gente não conhece outros tipos de aplicações de baixo risco e tem medo de perder dinheiro, preferindo o conforto e a comodidade da caderneta.


Quais são os tipos de investimentos?

Depois de descobrir o seu perfil de investidor, é hora de ficar de olho nos tipos de investimento. Mas antes, para ajudar você a entender como eles funcionam, confira um mini glossário com os conceitos básicos desse universo.

Juros compostos: aplicação de juros sobre juros. Significa que os rendimentos são calculados sobre os ganhos de todos os períodos anteriores e não apenas sobre o montante inicial aplicado.

Taxa de juros: a porcentagem de juros que um investimento rende;

Risco: chance de um investimento gerar prejuízo.

Liquidez: facilidade de resgatar o investimento. Enquanto alguns só podem ser resgatados no vencimento (baixa liquidez), outros podem ser retirados a qualquer momento (alta liquidez).

Rentabilidade: capacidade de retorno de um ativo, ou seja, quanto você vai ganhar com o dinheiro aplicado em um produto financeiro.

Prazo: data de vencimento de um ativo, data em que o investimento chega ao fim e o dinheiro volta ao investidor com todos os rendimentos.

Aporte: ato de investir uma quantia de dinheiro em um produto financeiro. Se for uma aplicação feita todo mês no mesmo investimento, é chamado aporte mensal.

Taxas: valores cobrados pelas instituições financeiras para a administração, gestão ou manutenção do investimento. Alguns ativos são isentos de taxas, outros não.

Volatilidade: quanto o comportamento de uma aplicação pode mudar. Baixa volatilidade quer dizer que um ativo é mais estável; alta volatilidade significa maior frequência e intensidade das variações de preço.

Agora que você já conhece os termos mais usados pelos investidores, vamos aos tipos de investimento. Para quem está começando a investir, é importante conhecer os principais grupos de investimentos: renda fixa, ações e fundos de investimentos.


Renda fixa

Na renda fixa, a rentabilidade é definida no momento aplicação. Em geral, esse tipo de investimento pode remunerar de duas formas: seguindo uma taxa de juros prefixada ou acompanhando indicadores econômicos, como a Taxa Selic e o IPCA (Índice de Preços para o Consumidor Amplo).

A maior vantagem desses ativos é o baixo risco. Outro benefício é que as corretoras de investimentos ou bancos não costumam cobrar taxas nessas aplicações. Por outro lado, a rentabilidade costuma ser menor que as de investimentos mais arrojados.

Para começar a investir em qualquer uma delas, basta criar uma conta em uma corretora de investimentos. No caso de letras de crédito e CDBs é possível investir pelos próprios bancos, mas é aconselhável fugir das grandes instituições, pois os rendimentos costumam ser baixos.


Tesouro Direto

O Tesouro Direto é um programa do Governo Federal que vende títulos da dívida pública para arrecadar recursos para financiar suas operações. Ao comprar esses títulos, você empresta dinheiro para o governo e recebe de volta com juros no momento do resgate. Por ser garantido pelo Tesouro Nacional, é o tipo de investimento mais seguro do mercado.

A forma de remuneração depende do tipo de título que você compra. São três modalidades:

1. Tesouro Selic

Título pós-fixado que rende conforme a Taxa Selic, os juros básicos da economia definidos pelo Banco Central. Possui liquidez diária, ou seja, pode ser resgatado a qualquer momento sem prejuízo, mesmo antes do vencimento. Ideal para reserva de emergência ou objetivos de curto prazo.

2. Tesouro Prefixado

Título cuja rentabilidade é definida no momento da compra e continua sempre a mesma, sem seguir nenhum indicador econômico. Ao aplicar nesse ativo, o investidor sabe exatamente quanto vai receber no vencimento, já que o rendimento não varia em hipótese nenhuma.

É indicado para quem não vai precisar mexer no dinheiro até o vencimento, já que o resgate antecipado pode acarretar prejuízos.

Existem dois tipos de Tesouro Prefixado: 
  • LTN (Letra do Tesouro Nacional): tem juros pagos apenas no momento do resgate ou no vencimento.
  • NTN-F (Nota do Tesouro Nacional tipo F): tem juros semestrais, pagos ao investidor a cada seis meses.

Apesar de parecer mais interessante à primeira vista, o NTN-F só é indicado para quem não exerce mais atividade remunerada e precisa de uma renda constante para cobrir suas despesas.

Caso contrário, não costuma valer a pena por causa do Imposto de Renda regressivo. A taxa de IR para resgates feitos no Tesouro Direto em 6 meses é de 22,5%, sendo reduzida gradualmente até chegar a 15% para prazos superiores a 2 anos. 


3. Tesouro IPCA

Os rendimentos do Tesouro IPCA combinam uma taxa prefixada ao IPCA, indicador econômico que define a inflação no país. Por isso, trata-se de uma aplicação que preserva o valor do dinheiro e, ao mesmo tempo, garante sua rentabilidade.

Como costuma ter prazos de vencimento longos, é ideal como alternativa para quem poupa para a aposentadoria.

Assim como o Tesouro Prefixado, o Tesouro IPCA conta com duas variações:
  • NTN-B Princ (Nota do Tesouro Nacional tipo B Principal): tem juros pagos apenas no momento do resgate ou no vencimento.
  • NTN-B (Nota do Tesouro Nacional tipo B): tem juros semestrais, pagos ao investidor a cada seis meses.


CDB

CDBs (Certificados de Depósito Bancário) são títulos que os bancos emitem para captar recursos para financiar suas operações. Ao comprar esses ativos, o investidor empresta dinheiro ao banco emissor, que devolve o montante com juros no momento do resgate ou na data de vencimento.

Um dos maiores benefícios dos CDBs é contar com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), entidade que protege o dinheiro de quem investe em ativos bancários em até R$ 250 mil por CPF e instituição financeira.

Isso significa que, se o banco emissor quebrar, você receberá de volta o valor aplicado (sem os juros), com um limite de R$ 250 mil.

Esse tipo de investimento também é tributado de acordo com a tabela regressiva do Imposto de Renda. Em caso de resgate em menos de 30 dias, há também a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

A liquidez varia: enquanto alguns deles podem ser resgatados a qualquer momento, outros só podem ser retirados na data de vencimento. Assim como o Tesouro Direto, o CDB pode ser de três tipos, que funcionam de forma bem parecida:
  • Prefixado: com taxa de juros definida no momento da aplicação, sem acompanhar indicadores financeiros.
  • Pós-fixado: com rentabilidade atrelada a um índice econômico — geralmente o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que segue de perto Taxa Selic.
  • Híbrido: conta com uma parcela da rentabilidade prefixada e outra atrelada ao IPCA, indicador da inflação no país.

LCI e LCA

A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) é um investimento de renda fixa isento de Imposto de Renda no qual o investidor empresta dinheiro para que os bancos ofereçam crédito imobiliário aos seus clientes.

A LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) funciona da mesma maneira, com a diferença que o crédito é concedido para empresas do agronegócio.

Por serem ativos bancários, ambos contam com a proteção do FGC. Seus tipos seguem o mesmo modelo de remuneração das outras aplicações, podendo ser prefixados, pós-fixados ou híbridos.

Na maioria dos casos, as LCI's e as LCA's têm baixa liquidez, podendo ser resgatadas apenas na data de vencimento.


CRI e CRA

Outra forma de investir em ativos de renda fixa do setor imobiliário e do agronegócio são os Certificados de Recebíveis.

O CRI, Certificado de Recebíveis Imobiliários, é um título com lastro em fluxos de pagamentos de aluguéis ou de aquisição de imóveis. Já no CRA, Certificado de Recebíveis do Agronegócio, o dinheiro aplicado é destinado a esse setor.

Na essência, eles são bem parecidos com a LCI e a LCA, inclusive no fato de também serem isentos de Imposto de Renda.

A principal diferença é que ao comprar um Certificado de Recebível você não empresta dinheiro a um banco, e sim para uma empresa securitizadora, que reúne o valor que você investiu ao de outros investidores para financiar as operações.

Por não serem ativos bancários, esses títulos não são cobertos pelo FGC. Ou seja, possuem um risco maior, indicado para investidores com perfil moderado. Em contrapartida, os prazos são menores, a liquidez é melhor e a rentabilidade costuma ser maior.

Outro ponto importante é que maioria das LCIs e LCAs são atreladas à Taxa Selic, enquanto os CRIs e CRAs costumam ser prefixados ou acompanhar a inflação, sendo mais vantajosos em momentos de queda da taxa de juros.


Debêntures

Debêntures são títulos de renda fixa emitidos por empresas privadas para conseguir recursos para financiar seus projetos. A lógica é a mesma dos outros ativos que conhecemos até aqui: você empresta o dinheiro para a empresa e recebe de volta com juros pelo tempo que ele ficou investido.

A debênture não é um ativo bancário, por isso não é coberta pelo FGC. As debêntures incentivadas, que financiam obras de infraestrutura, não têm incidência de Imposto de Renda.

Normalmente, o valor aplicado só pode ser resgatado no vencimento, que costuma ser de médio a longo prazo (por volta de 6 anos). As debêntures também podem ser prefixadas, pós-fixadas ou híbridas.

Existem quatro tipos de debêntures:
  • simples: modalidade mais comum, que entrega uma rentabilidade com juros no vencimento;
  • conversíveis: podem ser transformados em ações da empresa emissora no vencimento ou em outro período pré-determinado;
  • permutáveis: permitem que o investidor troque os títulos por ações de outra empresa;
  • incentivadas: emitidas por empresas que realizam projetos de infraestruturas públicas, como estradas, aeroportos e ferrovias, e por isso contam com isenção de IR.

Ações

Ações são ativos de renda variável que representam uma pequena parte do valor de mercado de uma empresa.

Quando um investidor compra uma ação, ele passa a ser sócio da companhia que emitiu o título, ganhando direito a receber parte dos seus lucros. A empresa, por sua vez, se beneficia obtendo recursos para realizar seus projetos.

Ao contrário da renda fixa, na renda variável o investidor não sabe quanto vai ganhar com a aplicação: a rentabilidade varia de acordo com as oscilações do mercado que são influenciadas por fatores diversos, como a economia do país, a economia internacional ou as projeções para a própria empresa. Se o desempenho da companhia for bom, os acionistas lucram; se ela tiver prejuízos, os acionistas também têm.

Devido à alta volatilidade, estas aplicações apresentam mais risco, mas também oferecem a possibilidade de obter rendimentos bem maiores que os da renda fixa. Lembrando que aqui não existe garantia do FGC.


IPO e a Bolsa de Valores

Quando uma empresa deseja colocar suas ações à venda pela primeira vez, ela realiza a sua abertura de capital por meio de um movimento chamado IPO (Initial Public Offering, ou Oferta Pública Inicial). A partir daí, ela passa a ser listada na Bolsa de Valores e pode ter seus ativos negociados no mercado financeiro. A bolsa de valores brasileira é chamada B3.

Para investir em ações é preciso abrir conta em uma corretora. Por lá, você pode ter acesso ao Home Broker, plataforma de negociação de ações, investir em uma carteira sugerida pela própria corretora ou buscar fundos de ações com cotas disponíveis para venda.

Uma das principais formas de acompanhar o mercado e entender onde estão as melhores oportunidades é observar o Ibovespa, o índice da B3. Ele funciona como um termômetro dos ativos negociados na Bolsa, permitindo que os investidores entendam o comportamento do mercado e tomem as melhores decisões ao montar sua carteira de ações.


Como ganhar dinheiro com ações

Para ter sucesso com ações, é preciso saber como lucrar com elas Confira as principais formas de ganhar dinheiro com esse tipo de investimento:
  • Valorização e queda: observar as oscilações do mercado para comprar e vender ações na hora certa é a forma mais conhecida de ganhar dinheiro na Bolsa. Alguns investidores, inclusive, se especializam em day trade, a prática de comprar e vender um ativo no mesmo dia. Para isso funcionar, eles precisam ficar atentos às variações a todo momento.
  • Dividendos: consistem na distribuição de lucros feita periodicamente aos acionistas. Muitos investidores, ao contrário dos day traders, priorizam ações de empresas que pagam bons dividendos, não se concentrando tanto em ganhar com as altas e quedas dos valores dos títulos.
  • JCP (Juros sobre Capital Próprio): assim como os dividendos, são um tipo de provento distribuído pelas empresas, com a diferença de ser independente do lucro gerado pela companhia. Além disso, por ser registrado como despesa, a organização ganha isenção fiscal, podendo aumentar a quantia repassada ao acionista.

Tipos de ações

Uma das formas de classificar as ações é levando em conta o que elas oferecem ao investidor:
  • Ações ordinárias (ON): dão poder de voto ao investidor, permitindo que ele tenha voz nas decisões da empresa, além de pagar dividendos.
  • Ações preferenciais (PN): o investidor recebe uma fatia maior dos lucros da empresa e ganha o direito de receber proventos antes dos outros acionistas. Porém, não há poder de voto nas assembleias.
  • Units: pacotes de ações compostos por ativos de diferentes tipos, como duas ordinárias e duas preferências. Costumam ter boas chances de valorização e garantem o recebimento de proventos.

Outro tipo de classificação considera o tamanho da empresa emissora e o volume financeiro que ela movimenta na Bolsa de Valores:
  • Blue chips: títulos emitidos por grandes empresas, que movimentam altos valores na B3, como Petrobrás, Banco do Brasil, Ambev e Vale. Costumam ser mais seguros e ter maior liquidez, por causa da facilidade de comprar e vender.
  • Mid Caps: ações de empresas de médio porte, que movimentam valores expressivos, mas inferiores aos das blues chips. Em muitos casos, têm um potencial de valorização maior que ações de grandes companhias.
  • Small Caps: ativos de empresas de menor capitalização. São conhecidas como ações baratas e de alto risco, que podem trazem tanto grandes lucros como grandes prejuízos. Por serem emitidas por companhias menos conhecidas, possuem menor liquidez, já que a quantidade de interessados na compra é menor.


Custos para investir em ações

Ao aplicar em ações, é preciso ficar atento aos custos desse tipo de investimento. Além dos impostos pagos ao governo, existem três tipos de taxas:
  • Taxa de custódia: é cobrada mensalmente pelas corretoras e serve para cobrir os gastos da empresa junto à B3. Algumas corretoras não aplicam essa taxa.
  • Taxa de corretagem: cobrada pelas corretoras por cada transação de compra e venda de ações na Bolsa. Pode ser fixa ou uma porcentagem sobre o valor da transação. Algumas corretoras não aplicam essa taxa.
  • Emolumentos: taxas fixas cobradas pela B3 por transação. Os valores variam de acordo com o tipo de operação, o tipo de investidor e o valor investido.


Fundos de investimentos

Fundo de investimento é um tipo coletivo de aplicação, que reúne o dinheiro de vários investidores com perfis parecidos.

A soma dos aportes de cada investidor forma o patrimônio do fundo, que é administrado por um gestor de investimentos. O papel desse profissional é alocar o capital dos participantes de modo a obter a melhor rentabilidade possível para todos.

Nas corretoras, os fundos são divididos e comercializados em cotas. Assim, se um investidor deseja aplicar R$ 80 mil e um fundo com cotas que custam R$ 10, terá que comprar 8 mil cotas.


Taxas dos fundos de investimentos

Contar com um gestor especializado para decidir onde o seu dinheiro será investido tem um custo, quem vem em forma de taxas nos fundos de investimentos. As principais são:
  • Taxa de administração: é o pagamento pelo trabalho do gestor de fundos. É uma porcentagem anual aplicada sobre o total investido (capital + rendimentos).
  • Taxa de performance: taxa prevista em fundos de investimentos que acompanham índices econômicos, como o CDI, a Taxa Selic ou o IPCA. Caso o gestor obtenha rendimentos que superem esses índices, ganha um valor adicional pelo bom desempenho.
  • Taxa de saída: essa taxa é normalmente cobrada por fundos mais antigos e pode ser considerada abusiva. Ela incide sobre a saída do cotista do fundo, seja ela por conta de resgate seja por portabilidade.
  • Taxa de carregamento: também cobrada por fundos mais antigos e considerada abusiva. É cobrada sempre é feito um novo aporte.


Tipos de fundos de investimentos

Existem diversos tipos de fundos de investimentos, destinados a diferentes perfis de investidores. Conheça os principais a seguir.
  • Fundos de renda fixa: são fundos em que pelo menos 80% do patrimônio do grupo deve ser aplicado em ativos de renda fixa, como o Tesouro Direto e ativos bancários. Entre os mais populares está o Fundo DI, que acompanha a variação da Taxa DI do mercado interbancário.
  • Fundos de ações: buscam alocar pelo menos 67% dos seus recursos em ações. São ideais para quem quer começar a investir na Bolsa de Valores, pois é uma forma de experimentar a renda variável com a ajuda de um profissional especializado.
  • Fundos de Investimentos Imobiliários (FII): são fundos de renda variável que aplicam em imóveis, títulos do mercado imobiliário e categorias específicas de empreendimentos (escritórios, shoppings, hospitais, escolas, etc). Se tornaram muito populares por distribuírem rendimentos de aluguéis, gerando uma renda mensal ou semestral ao investidor.
  • Fundos multimercado: contam com múltiplos ativos em sua carteira, combinando renda fixa e variável para obter os melhores rendimentos para investidores moderados ou arrojados. Por conta da variedade de opções, o gestor tem mais liberdade para alocar os recursos e ir atrás de rendimentos mais satisfatórios para o grupo.
  • Fundos cambiais: aplicam pelo menos 80% do patrimônio do grupo em moeda estrangeira. Os mais comuns são os que investem no dólar americano. São ideais para quem planeja viajar para o exterior e quer se proteger de uma possível alta na cotação.
  • Fundos de ouro: aplicam pelo menos 80% do patrimônio do grupo em reservas de ouro. Como o ouro se mantém positivo em relação a outros ativos, mesmo em tempos de crise, é uma alternativa muito procurada pelos investidores para diversificar a carteira.
  • ETFs (Exchange Traded Fund): também conhecidos como fundos de índices, são fundos que acompanham a performance de indicadores de referência, como o Ibovespa..
  • Fundos de previdência privada: são o destino de quem poupa com foco na aposentadoria ou em projetos de médio e longo prazo. Podem ser fundos de renda fixa ou multimercado.
  • FOFs (Founds of Founds): nesta opção, você pode colocar o seu dinheiro em diversos fundos ao mesmo tempo com uma única aplicação. É uma forma interessante de acessar simultaneamente diversos fundos de renda fixa, ações, multimercado, entre outros.
  • FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Créditos): também chamado de Fundo de Recebíveis, é um fundo de renda fixa baseado em dívidas de clientes com empresas pelo pagamento a prazo, como cheques e parcelas do cartão de crédito. Quando o cliente efetua o pagamento, o dinheiro vai para o investidor (com juros), ao invés de ir para a empresa.


Outros tipos de investimentos

Apesar de a renda fixa, as ações e os fundos de investimentos serem as alternativas mais conhecidas do mercado, a variedade não para por aí. Existem diversos instrumentos negociados em bolsas de valores disponíveis para investidores, como câmbio, derivativos, contratos futuros, contratos a termo, contratos de índices, mini índices, taxas, mercadorias, dentre outros. Abaixo explicamos as mais populares entre esses: opções e commodities.


Opções

Opções são contratos onde se negocia o direito de comprar ou vender um lote de ações por um preço fixado. Quem compra uma opção ainda não está adquirindo um título da empresa emissora, e sim garantido que poderá fazê-lo no futuro pelo mesmo preço de hoje.

Por exemplo: se você tiver uma opção da Vale e as ações da companhia se valorizarem no futuro, poderá comprá-las pelo preço original e obter os lucros dessa operação.

Esse tipo de investimento faz parte do mercado de derivativos, que se baseia na negociação de contratos que dependem (derivam) de outros ativos.


Commodities

Commodities são matérias-primas produzidas em larga escala e comercializadas no mundo inteiro, como a soja, o milho, a madeira e a água, entre outras.

Elas são negociadas no Mercado Futuro, um ambiente dentro da B3 onde são feitos contratos de compra e venda para uma data futura, conhecidos como contratos futuros. A ideia não é receber o produto final, e sim lucrar com a oscilações dos preços, que mudam diariamente.

Funciona assim: antes mesmo de colher uma plantação, por exemplo, o produtor combina um preço com o comprador hoje para pagamento em uma data futura. Se nesse prazo o preço estiver abaixo do acordado, quem ganha é o vendedor; se estiver acima, o lucro fica com o investidor.


Como começar a investir?

Agora que você já conhece os tipos de investimentos, está pronto para começar a investir. Fique atento às dicas a seguir e prepare-se para começar a fazer o seu dinheiro trabalhar por você.


Por onde investir?

Para começar a investir, basta criar uma conta em uma corretora de valores, instituição financeira que intermedia a compra e venda de títulos financeiros dos seus clientes. Elas contam com plataformas online que tornam as negociações simples e intuitivas, tanto para ativos de renda fixa quanto para ações e fundos.

Como dito anteriormente, para algumas aplicações as corretoras costumam cobrar taxas, como a corretagem e a custódia. No entanto, muitas instituições optam por não repassar esses custos aos clientes, então fique de olho nesse detalhe antes de escolher a sua corretora.

Os grandes bancos também costumam oferecer aos clientes títulos de renda fixa, como CDBs ou letras de crédito, mas, em geral, não é vantajoso investir com eles. Isso porque o rendimento das aplicações costuma ser baixo e as taxas, muitas vezes, ficam acima do mercado.

Se você ainda não se sente confortável em escolher sozinho suas próprias aplicações, pode procurar uma gestora de investimentos. Dependendo da gestora é possível investir em fundos ou fazer carteiras de investimento personalizadas. Em ambos os casos os recursos dos investidores são 100% geridos pelos especialistas da gestora.

Outra alternativa para quem quer começar a investir é contratar um agente autônomo de investimentos (AAI), profissional que presta esse auxílio de maneira independente.


Como decidir em que produto investir?

Para decidir em qual produto investir, é necessário levar em conta o seu perfil de investidor e os seus objetivos. Se o seu foco for renda fixa, compare a rentabilidade e a liquidez de cada aplicação, de acordo com as suas necessidades.

Quando se trata de ações, há mais riscos e análises em jogo, o que requer um critério maior. Na hora de investir em ações, existem dois métodos úteis para decidir qual ativo escolher:
  • Análise fundamentalista: toma como base a performance da empresa, levando em conta seus dados contábeis, gerenciais e de mercado. Ao avaliar um ativo observando esses fundamentos, é possível identificar oportunidades e estimar se ele vai ou não se valorizar a longo prazo.
  • Análise técnica: identifica padrões de comportamento para apontar tendências com base em gráficos, ferramentas, cálculos e projeções. Especialistas em day trade costuma usar muito essa abordagem em suas negociações diárias.

Seja quais forem as suas preferências e o seu método de avaliação, lembre-se sempre: o bom investidor não coloca todo o seu dinheiro em apenas uma ou duas aplicações, e sim em várias.

É aí que entra o conceito de carteira de investimentos, que nada mais é que a composição as suas aplicações. Para construí-la do jeito certo, é preciso contar com um portfólio equilibrado e diversificado de ativos.

Dessa forma, você minimiza os riscos de ter grandes prejuízos, já que os ganhos de uma aplicação podem te proteger das perdas de outra.


Como saber se um investimento é seguro?

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é a entidade que garante a segurança dos investimentos no Brasil. O órgão tem o intuito de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários, ou seja, títulos financeiros e contratos de investimento coletivo.

Entre os valores mobiliários passíveis de fiscalização estão:
  • ações;
  • debêntures;
  • certificados de depósito de valores mobiliários;
  • cotas de fundos de investimentos;
  • contratos futuros, de opções ou de outros derivativos;

Como aprender mais sobre investimentos?

Investir requer conhecimento, por isso é necessário estar sempre buscando novas fontes de informações para se aperfeiçoar como investidor e tomar as melhores decisões. Uma sugestão é buscar canais de finanças no YouTube, ler alguns livros sobre investimentos e conversar com amigos que entendam do assunto.

Os cursos oferecidos pela Bolsa de Valores são uma das melhores formas aprender mais sobre esse universo.

Neles, é possível conhecer conceitos técnicos do mercado financeiro e aprender a identificar as melhores oportunidades. Tudo isso com a vantagem de os conteúdos serem acessíveis e destinados aos diferentes perfis de investidores.

Agora que você já conhece o básico sobre investimentos e como eles funcionam, é hora de colocar o que aprendeu em prática.